Duas pessoas foram ainda dadas como desaparecidas, nos concelhos de Gouveia (Guarda) e Sertã (Castelo Branco).

Três meses antes, em 17 de junho, as chamas que deflagraram no município de Pedrógão Grande, no interior do distrito de Leiria, e que alastraram a concelhos vizinhos, fizeram 66 mortos e 253 feridos, atingiram cerca de meio milhar de casas e quase 50 empresas, e devastaram cerca de 53 mil hectares de território, 20 mil hectares dos quais de floresta.

Extensas áreas de floresta e de terrenos agrícolas foram igualmente destruídas pelos fogos de 15 e 16 de outubro de 2017, que afetaram de forma mais grave os municípios de Castelo de Paiva e Vagos, no distrito de Aveiro; Oleiros e Sertã (Castelo Branco); Arganil, Figueira da Foz, Lousã, Mira, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Tábua e Vila Nova de Poiares (Coimbra); Gouveia e Seia (Guarda); Alcobaça, Marinha Grande e Pombal (Leiria); e Carregal do Sal, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Tondela e Vouzela (Viseu).

Vinte e quatro das vítimas mortais dos incêndios de outubro ocorreram no distrito de Coimbra, metade das quais no concelho de Oliveira do Hospital, quatro em Penacova, quatro em Arganil, três em Tábua e uma em Pampilhosa da Serra.

Em Viseu, as chamas provocaram 16 óbitos, seis dos quais em Vouzela, cinco em Santa Comba Dão, dois em Tondela e três em Carregal do Sal, Nelas e Oliveira de Frades, enquanto na Guarda, no município de Seia, faleceram três pessoas, tendo as restantes duas mortes acontecido na A25 (autoestrada Aveiro/Vilar Formoso), nas zonas de Pinhel (Guarda) e de Sever do Vouga (Aveiro), segundo a lista divulgada, em 26 de outubro, pela Autoridade Nacional de Proteção Civil e pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.

Em dezembro, o Governo fixou em 70 mil euros o valor mínimo para a “privação de vida”, ao qual se somam os critérios “sofrimento da vítima antes da morte” e “danos próprios dos familiares mais próximos”, medida que abrange as vítimas tanto dos incêndios que deflagraram em junho, em Pedrógão Grande, como dos que ocorreram em 15 e 16 de outubro de 2017. O Governo decidiu também, em 04 de janeiro deste ano, alargar a medidas de apoio às vítimas dos primeiros daqueles incêndios aos municípios afetados pelos fogos de outubro.

Os incêndios de outubro, que tiveram nos patrimónios edificado e natural "uma dimensão muitíssimo superior” às dos fogos de Pedrógão Grande, destruíram total ou parcialmente 1.483 casas, disse o primeiro-ministro, António Costa, em 17 de dezembro, ocasião em que – adiantou – estavam “concluídas e em obra” 159 daquelas habitações.

De acordo com o primeiro-ministro, estão destinados 75 milhões de euros para a reconstrução das habitações permanentes total ou parcialmente afetadas pelos incêndios de outubro (10 milhões de euros para a reconstrução das casas atingidas pelos fogos de Pedrógão Grande).

Meio milhar de empresas na região Centro foram também atingidas pelos incêndios, de acordo com os cálculos adiantados pelo Governo, que anunciou a atribuição de 100 milhões de euros a fundo perdido e a abertura de uma linha de crédito, em igual montante, para a reconstrução destas unidades.

Há “condições especiais para as pequenas e médias empresas, com apoios até 70%”, e, para as “recuperações mais pequenas”, até 235 mil euros está prevista uma comparticipação até 85%.

Além de habitações e empresas, as centenas de incêndios que deflagraram em 15 de outubro - o pior dia de fogos de 2017, segundo as autoridades - também causaram elevados prejuízos na agricultura e na agropecuária, a morte de milhares de animais e a destruição de extensas áreas de floresta, deixando em risco milhares de postos de trabalho e o suporte económico de muitos dos concelhos afetados.

Nas manchas florestais atingidas, destaque designadamente para o Pinhal de Leiria, na Marinha Grande, que ficou reduzido a cerca de 20% da sua extensão, e seus prolongamentos para norte (Mata Nacional do Urso, em Pombal) e para sul (orla costeira de Alcobaça), para as matas nacionais de Quiaios (Figueira da Foz), onde arderam mais de três mil hectares, equivalentes a cerca de 50% da sua área, e da Margaraça (Arganil), classificada como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, que perdeu cerca de 70% da flora, e ainda para o Parque Natural da Serra da Estrela, penalizado nos municípios de Gouveia, Oliveira do Hospital e Seia.

Na sequência dos fogos que deflagram em 15 de outubro foram consumidos 190.090 hectares de floresta, cerca de 45% da área total ardida durante 2017, de acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Os dois incêndios que, em outubro, destruíram maiores áreas ocorreram no distrito de Coimbra, nos concelhos da Lousã, onde foram atingidos cerca de 43.900 hectares, e de Oliveira do Hospital (perto de 43.200 hectares).

A Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal prevê o encerramento de muitas serrações, nos próximos cinco anos, devido à redução drástica de matéria-prima, provocada pelos incêndios, pondo em risco cinco mil postos de trabalho diretos.

Serviços essenciais, como os de abastecimento de energia e água, das comunicações e da rede de transportes sofreram igualmente fortes danos, tal como o turismo, cujas consequências abrangem mais de meia centena de municípios.

No setor do turismo, foram diretamente afetados 59 municípios do Centro, onde as chamas destruíram total ou parcialmente 38 empreendimentos turísticos e provocaram, na ocasião, o cancelamento de 77% das reservas em unidades hoteleiras, de acordo com o balanço (feito uma semana após os fogos) da Turismo do Centro, entidade que agrega uma centena de concelhos.

Na agricultura, os danos ascendem a “algumas dezenas de milhões de euros”, tendo pelo menos mais de nove mil agricultores manifestado prejuízos, para os quais o Governo criou apoios, que podem abranger a totalidade, 85% ou 50% dos prejuízos, de acordo com a sua dimensão, parte dos quais já foram pagos.

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