“Acho que é, realmente, um momento inesquecível como expressão de fé e como expressão de fé quer do povo que aqui vive, quer do povo que vem de todo o mundo, mas nomeadamente dos Estados Unidos da América, e que mantém esta ligação às raízes, que é muito impressionante”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre as quatro horas que fez a caminhar, o chefe de Estado considerou “um pormenor comparado com a magnitude, dimensão, densidade impressionante desta manifestação de fé e também de raízes açorianas”, para acrescentar que “foi excecional”.

A imagem do Senhor Santo Cristo saiu do Convento da Esperança às 16:30 locais (mais uma hora em Lisboa), com centenas de pessoas a baterem palmas.

À frente seguia o presidente das celebrações, Edgar da Cunha, bispo de Fall River, nos Estados Unidos da América, onde reside uma grande comunidade de emigrantes açorianos, assim como o bispo de Angra, João Lavrador, e o bispo emérito da diocese, António de Sousa Braga, além de outros membros do clero.

Meia hora depois saiu o cortejo cívico, seguindo na dianteira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, a presidente da Assembleia Legislativa, Ana Luís, e o chefe do executivo regional, Vasco Cordeiro.

Os ex-presidentes dos governos regionais Carlos César (atual líder parlamentar do PS) e Mota Amaral (histórico do PSD que foi, também, presidente da Assembleia da República) estavam logo atrás, com o último a incorporar mais tarde a procissão.

Os deputados eleitos pelo círculo dos Açores para a Assembleia da República, incluindo Berta Cabral, ex-presidente da Câmara de Ponta Delgada, surgiam imediatamente depois.

Assim que o cortejo cívico começou a procissão ouviram-se também palmas e “viva o nosso presidente”, que subiu de tom quando este passou junto às Portas da Cidade.

No percurso, à passagem das autoridades políticas, onde se incluíam, igualmente, eurodeputados, os restantes membros do Governo dos Açores, os presidentes da Câmara e Assembleia Municipal de Ponta Delgada, e deputados no parlamento regional, um homem, ex-combatente na Guerra Colonial, exibiu uma folha onde dizia ter sido abandonado por Portugal.

Marcelo Rebelo de Sousa fez a procissão, de cerca de oito quilómetros em quatro horas, pelas ruas engalanadas da cidade, onde muitas montras estavam decoradas com imagens do Santo Cristo e varandas com colchas e flores.

Pelo percurso, eram milhares as pessoas, residentes, emigrantes e turistas, que esperaram pela procissão passar, havendo quem atirasse pétalas a Marcelo Rebelo de Sousa ao mesmo tempo que dizia "bem-vindo aos Açores".

Quando chegou ao Santuário da Esperança, no Campo de São Francisco, o Presidente da República, assim como as demais entidades, aguardou até ao fim da procissão, que terminou com a charanga dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, pelas 22:00 locais.

O bispo de Angra considerou, então, que a presença do Presidente da República "emprestou um brilho ainda maior" às festas, saudou as mais altas figuras da região e agradeceu a todos os que trabalharam para "honrar e engrandecer" as celebrações, dirigindo-se ainda aos peregrinos, razão de ser do santuário.

Esta foi a primeira deslocação aos Açores de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto chefe de Estado, tendo sido, depois de Ramalho Eanes, o segundo Presidente da República a integrar a procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres.