À saída da audiência de alegações, que decorreu no juiz 2 da instância local criminal de Lisboa, Pedro Reis disse aos jornalistas que a pena pedida pela acusação não era suficiente, mas que as alegações da procuradora “trouxeram ao de cima a verdadeira e real personalidade do arguido”.

“Acho que não é suficiente, mas fica em suspenso com o cúmulo jurídico do acórdão do outro processo [no qual carrilho foi condenado a quatro anos e meio de pena suspensa] e isso vai acontecer mais tarde ou mais cedo”, disse o advogado, acreditando que feito o cúmulo, após as decisões dos dois processos transitarem em julgado “pode dar pena efetiva” para o ex-ministro.

A procuradora deu como provados, na generalidade, os mais de 100 factos que constam da acusação e criticando o comportamento do arguido tanto em julgamento como nas várias entrevistas que deu à imprensa.

“Acho que as alegações foram brilhantes e profundas e trouxeram ao de cima a verdadeira e real personalidade do arguido”, considerou Pedro Reis, dizendo que uma pena efetiva de prisão “credibilizava a justiça”.

“Está um pouco veiculado no público a ideia de que há um peso e duas medidas conforme o estatuto socioeconómico das pessoas e era bom que as pessoas com estatuto superior, como é o caso do arguido, aprendessem a viver com decência e de uma forma civilizada”, ironizou.

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O advogado do antigo ministro da cultura disse que já estava à espera do tipo de alegações proferidas pelo Ministério Público e convidou os jornalistas a assistirem ao contraditório, marcado para dia 27.

“Estava à espera destas alegações e convido-os a estarem presentes no contraditório, nas alegações da defesa em que, se calhar, é previsível também que se considere não provadas todas as acusações imputadas”, disse Paulo Sá e Cunha.

O advogado adiantou também que no dia 04 de dezembro irá apresentar, no Tribunal da Relação, o recurso da primeira decisão conhecida em outubro na qual Carrilho foi condenado, também por violência doméstica, a uma pena suspensa de quatro anos e meio de prisão, proibição de contactar com a vítima e a obrigação de frequentar um curso de combate à violência doméstica da Direção-Geral de Saúde.

Manuel Maria Carrilho, que está divorciado de Bárbara Guimarães desde final de 2013, responde por 22 crimes de difamação e um de violência doméstica.