Em comunicado, o canal tornou público que a sua administração decidiu suprimir "cerca de 500 posições em todo o mundo, principalmente no Qatar", emirado onde fica a sede da Al-Jazeera. De acordo com um funcionário da rede, 60% das demissões, cerca de 300 empregos, dizem respeito à equipa da Al-Jazeera no Qatar. O diretor-geral da Al Jazeera, Mostefa Souag, garantiu que os cortes de empregos são destinados a "otimizar" a produtividade e a "evoluir o trabalho (da televisão) para que a estação mantenha uma posição de liderança". "Embora esteja alinhada com o que está a ser feito nos media em todo o mundo, foi uma decisão difícil de tomar", disse Souag. "No entanto, acreditamos que esta é uma boa decisão para mantermos a competitividade a longo prazo da nossa rede", acrescentou.

Um funcionário do canal disse à AFP que as primeiras demissões devem ocorrer na próxima semana e que a maioria dos cortes não afetam os jornalistas. Estas demissões ocorrem dois meses depois do anúncio do encerramento da Al-Jazeera América que, só por si, representa cerca de 700 cortes de empregos.

Fundada há 20 anos pelo governo do Qatar, a Al-Jazeera emprega cerca de 4500 pessoas em todo o mundo. Os cortes foram anunciados no momento em que o Qatar, um grande produtor de gás mas também de petróleo, enfrenta uma queda nos preços destas fontes de energia. O país prevê um défice orçamental de mais de 12 mil milhões de dólares em 2016, o primeiro em quinze anos. Em dezembro, o emir do Qatar, xeque Tamim ben Hamad Al-Thani, fez um alerta sobre os riscos do estado-providência. Nessa intervenção, estimou que a queda dos preços dos hidrocarbonetos pode ajudar a "corrigir os fenómenos negativos" que acompanharam a acumulação de riqueza no país, como o "desperdício, a administração ineficiente e a falta de responsabilidade".