A posição foi hoje expressa por Abel Chivukuvuku no final da III reunião ordinária do Conselho Deliberativo Nacional, na qual foi produzida uma declaração sobre as eleições gerais angolanas, onde a coligação se recusa a aceitar os resultados “ditados pela CNE (Comissão Nacional Eleitoral) em razão de os mesmos terem resultado, efetivamente, de um processo ilegal, injusto e não transparente”.

Abel Chivukuvuku disse que durante os últimos dias tem sido recomendado por parte da sociedade angolana “o boicote às instituições resultantes da fraude e da trapaça. Isto é, não tomar assento na Assembleia Nacional”.

“Também simpatizo com essa pretensão. Como já é do conhecimento público, eu, apesar de eleito, continuarei a servir Angola, fora do parlamento. Estarei quotidianamente junto dos cidadãos e dedicar-me-ei a aprofundar a construção da CASA-CE, para os desafios das eleições autárquicas, com datas ainda por definir, e o grande desafio das eleições gerais de 2022″, disse o político.

Na sua intervenção, o líder da segunda maior força da oposição angolana, confirmada também nestas eleições, com o resultado de 9,45% de um total 643.961 votos e a eleição de 16 deputados, referiu que também foram vários os clamores da sociedade para a realização de manifestações pacíficas.

Para Abel Chivukuvuku, é legítimo o direito à manifestação, mas todos os passos devem ser sustentados por “firmeza nas posições assumidas e pragmatismo nos atos”.

“Lembremo-nos que há sempre várias formas igualmente vigorosas e firmes para defendermos os legítimos direitos dos cidadãos eleitores. Assim, e mais uma vez, apelamos à serenidade, calma e firmeza de todos. Temos que defender o presente, acautelando o futuro. Lutemos para um futuro de justiça e de verdade”, disse.

Segundo o líder da CASA-CE, com o acórdão do Tribunal Constitucional que validou as eleições gerais angolanas e “cujo veredicto é inapelável”, virou-se uma página, apelando aos militantes a continuidade da “luta pela liberdade, justiça social e pela dignificação dos angolanos”.

Sobre os próximos cinco anos, Abel Chivukuvuku antevê tempos difíceis, “com o mesmo Governo”, no que diz respeito à educação, saúde e emprego.

“Serão mais cinco anos de crise económica e financeira. Serão mais cinco anos de má governação e corrupção endémica. Enfim, serão mais cinco anos com o futuro adiado”, frisou.

O líder da CASA-CE manifestou ainda abertura para continuar a colaborar com todos os partidos políticos da oposição, interagir com as igrejas e a sociedade civil e dialogar com o partido no poder.

Angola realizou eleições gerais a 23 de agosto e os resultados definitivos divulgados pela CNE deram vitória ao partido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com 61,08% de um total de 4,1 milhões de votos, a eleição de 151 deputados à Assembleia Nacional (maioria qualificada) e de João Lourenço a Presidente da República.

Entretanto, os resultados foram contestados por quatro das seis forças políticas concorrentes – UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA – contudo, o Tribunal Constitucional negou provimento a todos os contenciosos eleitorais apresentados.