"Essa é uma matéria que também ela merece um debate na sociedade portuguesa, mas eu não excluiria à partida essa hipótese", afirmou Assunção Cristas aos jornalistas, após uma visita à Universidade Internacional da Terceira Idade, em Lisboa.

A líder centrista sublinhou que há muito que debater sobre estas matérias, "desde logo no parlamento", remetendo propostas do partido para quarta-feira, dia em que uma petição pedindo a descriminalização da morte assistida é discutida no plenário do parlamento.

"Certamente que nos vamos posicionar nesse debate procurando ter as soluções mais humanas que possamos ter no século XXI, e essas são aquelas que acompanham a pessoa dando-lhe todo o conforto possível, tirando toda a dor e olhando a pessoa como um todo, e não apenas como alguém que está num momento difícil e tantas vezes terminal na sua vida", afirmou.

Cristas frisou que "a posição do CDS é muito clara, há muitos anos, sobre esta matéria": "Temos de dar às pessoas, e a todas as pessoas sem exceção, condições para viverem a sua vida com dignidade até ao fim".

"Com dignidade significa sem dor, com acompanhamento a todos os níveis, não é só ao nível da saúde, mas também é o acompanhamento psicológico, social, espiritual, se for necessário e se as pessoas assim o desejarem", declarou.

O parlamento debate na quarta-feira uma petição a favor a despenalização da morte assistida, enquanto se aguarda o agendamento de dois projetos de lei sobre a matéria, do Bloco de Esquerda (BE) e do PAN (Pessoas-Animais Natureza).

A morte assistida é um direito do doente, defende-se na petição, assinada por mais de oito mil assinaturas, entregue a 26 de abril de 2016 na Assembleia da República, que foi baseada num manifesto assinado por uma centena de personalidades.

Os subscritores da petição pedem a "despenalização e regulamentação da morte assistida como uma expressão concreta dos direitos individuais à autonomia, à liberdade religiosa e à liberdade de convicção e consciência, direitos inscritos na Constituição".

As petições dos cidadãos não são votadas na assembleia, tendo cada bancada parlamentar três minutos para o debate.

Em entrevista à TSF na segunda-feira, o novo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu um referendo sobre a matéria, afirmando que deve ser debatido por toda a sociedade portuguesa e que o parlamento não tem competências para tomar uma decisão deste tipo.