Depois de um dia em que as acusações entre os dois maiores partidos andaram à volta do furto de armamento do paiol da base de Tancos e de um relatório atribuído aos serviços de informações crítico para o Governo, o líder do PS acusou o PSD de falta de sentido de Estado.

Tudo por causa do candidato social-democrata à câmara de Loures, André Ventura.

“Como é que o PSD da democracia portuguesa apoia um candidato que defende a prisão perpétua? Que diz que não se choca com a pena de morte? E que não hesita em explorar os preconceitos raciais na tentativa de ganhar votos à custa da discriminação?", afirmou António Costa, na segunda-feira à noite, em Loures.

O rol das críticas estendeu-se também à acusação de o PSD “explorar dramas” como os incêndios de Pedrógão Grande, em junho, que fizeram 64 mortos.

Na resposta, Pedro Passos Coelho, líder do PSD, devolveu as críticas, afirmando que o Governo de António Costa “praticamente meteu férias” e deixou o Presidente da República “a dar a cara pelos problemas sérios” – Pedrógão Grande e Tancos.

"Em matéria de sentido de Estado, o primeiro-ministro devia olhar com mais atenção para os aliados que escolheu para governar. E depois do que aconteceu este verão, quer com Pedrógão quer com Tancos, ver um Governo que praticamente meteu férias e deixou o senhor Presidente da República a tratar de dar a cara pelos problemas sérios que afetaram as pessoas, creio que para sentido de Estado estamos todos conversados", acusou Passos Coelho.

A manhã já trouxera mais um tema à campanha eleitoral, depois de o jornal Público ter noticiado um acordo do PS com PCP e Bloco de Esquerda (BE) para permitir que os trabalhadores precários em funções no Estado a tempo parcial participem no Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública (Prevpap).

Em Torres Novas, Santarém, Catarina Martins, coordenadora do Bloco, realçou a decisão de incluir no processo de regularização dos precários na administração pública "as pessoas que trabalham a tempo incompleto", recordando que o BE tem trabalhado para que "não fique ninguém para trás".

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, lembrou que os “avanços” na reposição de direitos “não são dádiva do Governo do PS”.

Na Vidigueira, Beja, disse que apesar de não ser “o que é justo e necessário, mas são avanços”, exemplificando com o aumento extraordinário de pensões que abrangeu dois milhões de reformados.

À direita, o comentário de Pedro Passos Coelho foi curto, apenas dizendo que foi o atual Governo do PS, que tem o apoio parlamentar do PCP, BE e PEV, que “aumentou o número de precários” na função pública.

O CDS-PP, através da líder e candidata à câmara de Lisboa, Assunção Cristas, alertou que o processo de regularização pode ser inconstitucional.

Para Assunção Cristas, “o princípio da igualdade está em causa quando se fecha um concurso público apenas às pessoas em situação de precariedade e também na cláusula que estabelece "que quem não quisesse passar para o novo regime de integração tinha, obrigatoriamente, de largar o serviço que prestava ao Estado".