"Nas eleições autárquicas de 2017, o BE cresceu em votos e mandatos", valorizou Catarina Martins, admitindo, contudo, que os resultados "não escondem" que o BE "tem ainda uma presença modesta no mapa autárquico de Portugal".

Em conferência de imprensa na sede do partido após reunião na noite de terça-feira da Comissão Política do Bloco, Catarina Martins frisou que o partido foi um dos "que mais cresceu em votos nestas eleições autárquicas", o que garante "novas possibilidades de intervenção e atuação" nos municípios e freguesias.

Em Lisboa e no resto do país, "e como definido" na última Convenção do partido, o BE está disponível para "maiorias de transformação à esquerda", sublinhou Catarina Martins, lembrando que "cada concelho é um caso" a avaliar por si mesmo.

Na capital, onde o partido elegeu Ricardo Robles, a líder do BE lembrou que eventuais "acordos com base programática" terão de ter em conta as prioridades elencadas pelo partido na campanha eleitoral, nomeadamente em torno de creches, transportes, da taxa turística em prol da cidade "e não dos hoteleiros" e de políticas para habitação.

De todo o modo, prosseguiu, Ricardo Robles, eleito vereador, irá falar à imprensa em breve e poderão surgir contactos a qualquer momento com o PS, partido que venceu o sufrágio na capital.

"O BE assume que tem um resultado modesto, mas, na verdade, fizemos um grande caminho", acrescentou Catarina Martins, falando no panorama nacional e sublinhando que a própria "estrutura do poder local", mais "fechada nas suas próprias regras", dificulta a entrada em cena de atores mais recentes como o Bloco.

Questionada pelos jornalistas, a coordenadora do BE escusou-se a comentar a decisão do ainda presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, de não se recandidatar ao cargo, declarando que compete exclusivamente aos sociais-democratas definir o seu futuro.

O BE teve no domingo uma noite eleitoral ‘agridoce’, com o aumento expressivo de votos, a recuperação de um vereador em Lisboa e a eleição de mandatos para autarquias inéditas, mas falhou a conquista de uma câmara.

O objetivo eleitoral traçado pela coordenadora bloquista era dar um salto nas eleições autárquicas de domingo e, em termos de votação, o partido conseguiu cerca de 50 mil votos do que em 2013, estando perto dos 160 mil.

Mas, se o número de votos e o número de mandatos subiu, os bloquistas continuam sem conseguir governar nenhuma câmara municipal, tendo falhado a reconquista de Salvaterra de Magos (perdida em 2013) ou a vitória em Torres Novas, mantendo nestas duas autarquias o número de vereadores das últimas eleições autárquicas.