"Esse é um fator positivo a meu favor, até porque aquilo que a esquerda dizia de despejos em massa, de dramas sociais, simplesmente não existiu. O que há é falta de coragem desta esquerda de aplicar aquilo que é o seu dever, que é pagar o subsídio de renda para que as pessoas possam continuar nas suas casas, havendo uma responsabilidade social por parte do Estado", afirmou Assunção Cristas.

Num encontro com jornalistas para fazer o balanço de seis meses de pré-campanha às eleições autárquicas em Lisboa, a candidata e líder centrista disse ainda duvidar do sucesso do programa da Câmara de Lisboa de rendas acessíveis, afirmando que tem falado com promotores e que estes não se mostram interessados.

"Tenho vários números que posso dar, que mostram que a reforma do arrendamento tem sido responsável pela regeneração que vemos na cidade, por uma reabilitação urbana como não havia até agora, nuns casos construção nova que mantém as fachadas. Se hoje dizemos que a Baixa, o casco histórico, a Mouraria, estão cheios de turistas, é porque tem havido esta possibilidade de renovação da cidade em zonas onde não havia quase ninguém", defendeu.

Referindo-se à reforma do arrendamento que tutelou enquanto ministra do executivo PSD/CDS-PP, Cristas argumentou que teve a "preocupação central" de "proteger idosos com mais de 65 anos, pessoas com deficiência e pessoas com carência económica".

"Concluído este processo transitório, o que verificámos é que não houve dramas sociais em massa, como estavam a ser anunciados, quem não precisava destes apoios transitou para os novos contratos, quem precisava continuou a ser protegido e agora tinha a proteção do subsídio de renda", sustentou.

"A esquerda não foi por aí, provavelmente porque não tinha dinheiro para o fazer, decidiu passar um período de cinco anos para dez anos, revertendo um pouco a reforma, voltando a congelar rendas, quando a ideia era ao fim de cinco anos haver uma transição", acrescentou numa referência a lei do arrendamento, que foi alterada na sexta-feira.

Assunção Cristas defendeu que há duas maneiras de "destruir cidades": através de bombardeamentos ou do congelamento de rendas.

"Em Lisboa houve congelamento de rendas, no Porto também, e vimos o efeito que isso gerou na cidade", argumentou.

A candidata à Câmara de Lisboa reconheceu que "é preciso, com inteligência, gerir a questão do turismo, conseguir gerir a questão da habitação".

Na sexta-feira, parlamento aprovou uma alteração à lei do arrendamento urbano, a partir de um projeto de lei do PCP, revertendo a lei do Governo PSD-CDS, que, para os comunistas, "facilitava os despejos e desprotegia os inquilinos".

O PSD e o CDS votaram contra esta reversão, como lhe chamaram, num diploma que teve o voto do partido do Governo, o PS, e dos partidos que o apoiam na Assembleia da República, PCP, BE e PEV, negociado na comissão parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território e Habitação.

Helena Roseta, pelo PS, fez a defesa da alteração à lei, tendo em conta o compromisso do programa de Governo de "reforçar os direitos dos inquilinos e reequilibrar a relação entre senhorio e inquilino, desequilibrada pelo anterior executivo.