A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou hoje, no Porto, que a anunciada greve dos juízes para outubro é “uma situação grave” e defendeu que é preciso reunir todas as condições para que os problemas sejam ultrapassados.

“Isso exige que os dois lados compreendam a necessidade de resolver os problemas que estão pendentes, até porque julgo que vários já foram resolvidos”, disse Catarina Martins.

A dirigente do BE, que falava no final de uma visita às instalações do antigo Colégio Almeida Garrett, propriedade da Universidade do Porto, acrescentou que “não se compreende que depois dos passos já dados não seja possível encontrar uma solução”.

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) decidiu no sábado avançar para uma greve nos primeiros dias de outubro, justificando a paralisação com falta de abertura do Governo.

Em comunicado, a ASJP refere que pretende uma “discussão por inteiro” do estatuto dos juízes e que a associação já interpelou o primeiro-ministro nesse sentido.

“Aguardamos dele uma resposta ao nosso repto, em tempo útil, que nos permita desbloquear essa revisão no seu todo”, assinala a ASJP, ficando desde já marcada a paralisação.

A associação dos juízes espera, no entanto, que a sua “demonstração de boa-fé e sentido de responsabilidade seja correspondida, ao mesmo nível, pelo senhor primeiro-ministro e todo o governo”.

Há uma semana, a ASJP pediu a intervenção do primeiro-ministro, António Costa, na discussão dos estatutos, alegando que o processo negocial vai longo e com “alguns episódios verdadeiramente lamentáveis”.

Na última ronda negocial com o Ministério da Justiça, realizada no final do mês passado, a ASJP disse que ia ponderar formas de luta a adotar, não excluindo uma greve, depois de não ter chegado a acordo sobre a requalificação do subsídio atual e o restabelecimento de uma verdadeira carreira.