“Esse investimento tem de ir para a frente”, defendeu a coordenadora do BE, Catarina Martins, numa conferência de imprensa na Lousã, junto à estação local do caminho-de-ferro que ligava a freguesia de Serpins à cidade de Coimbra e à Linha do Norte.

Catarina Martins estava acompanhada por José Manuel Pureza, deputado bloquista eleito por Coimbra e vice-presidente da Assembleia da República, e da independente Maria Clara Aguilar, que concorre à presidência da Câmara da Lousã pelo BE, além de outros candidatos.

Na sua opinião, “é essencial que o compromisso” com as populações, assumido durante 21 anos por diferentes governos e pelas câmaras da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra, seja cumprido pelo Estado através de “uma solução ferroviária, moderna e confortável” que acolha também padrões de sustentabilidade ambiental e de eficiência energética.

Para a coordenadora do BE, a reposição do transporte ferroviário no Ramal da Lousã (suspenso há oito anos para obras, com a promessa de instalar um sistema de metro na linha, com ligação a um troço urbano previsto para Coimbra) deve ter prioridade no investimento público do país para os próximos anos.

“Uma solução não deve esperar por outra solução”, disse, ao defender uma separação das empreitadas a realizar na ferrovia centenária e na futura rede urbana, que na sua opinião terão de funcionar de forma articulada.

Em sede de preparação do OE para o próximo ano, na Assembleia da República, o Bloco “não deixará de propor” a reposição do serviço público ferroviário, disse Catarina Martins, em resposta a uma pergunta da agência Lusa sobre o posicionamento futuro do partido nesta matéria, tendo em conta que o BE é uma das forças de esquerda que apoiam a atual solução governativa do PS.

“Existem divergências sobre o investimento público”, reconheceu, três meses depois de o Governo ter apresentado, na região, em junho, um estudo que abandona o projeto do metro, optando agora por um sistema de autocarros elétricos, uma solução apoiada pelos presidentes, todos do PS, dos três municípios servidos pelo comboio, entre 1906 e 2010: Manuel Machado (Coimbra), Miguel Baptista (Miranda do Corvo) e Luís Antunes (Lousã), que se recandidatam aos cargos.

Importa que “os compromissos com as populações sejam integralmente cumpridos”, defendeu.

“O que o Bloco de Esquerda quer é uma ligação ferroviária que seja eficiente e sustentável em termos ambientais”, sublinhou Catarina Martins.

No seu entender, é necessário “dar força este projeto”, cuja concretização exige “um compromisso local e nacional de todas as forças políticas”, para resolver “o mais depressa possível” uma “injustiça tremenda” às populações e ao desenvolvimento económico do interior do distrito de Coimbra.

Catarina Martins realizou depois a viagem entre Lousã e Coimbra num autocarro dos transportes alternativos que a Metro Mondego disponibiliza há oito anos aos utentes do Ramal da Lousã.

Na Lousã, o PS detém a presidência e seis dos sete mandatos no executivo municipal, contra apenas um do PSD.

A correlação de forças, desde 2013, é idêntica na Assembleia Municipal, com a diferença de o BE e a CDU estarem representados no órgão com um deputado cada.