“Temos um princípio na Câmara e fizemos questão de o assumir no acordo celebrado com o Estado [de municipalização da rodoviária], de que todos os trabalhadores do grupo Carris devem estar abrangidos por instrumentos de contratação coletiva”, afirmou Fernando Medina (PS), que falava na reunião pública do executivo, nos Paços do Concelho.

O autarca precisou que, do memorando assinado com o Governo - que entrou em vigor em fevereiro passado -, consta o compromisso da autarquia de “resolver estes problemas”, mas assinalou que “é uma negociação que deve ser gerida na íntegra pela administração” da Carris.

“E essa negociação deve abranger o universo dos trabalhadores da empresa, não deve haver trabalhadores não abrangidos”, vincou.

Falando sobre a questão da precariedade, lembrou que “um dos grandes objetivos” do município, desde que assumiu a gestão da Carris, era contratar pessoal, para colmatar “a degradação” do serviço.

Por isso, “vamos sempre identificar casos de falsos precários” e “estabilizar [as situações] dos precários existentes”, garantiu Fernando Medina.

O autarca apontou que, “durante este período de austeridade no país, a Câmara de Lisboa foi a entidade pública que mais trabalhadores recrutou”, em áreas como a higiene urbana e a proteção civil.

Fernando Medina disse ainda que a administração da rodoviária está “a fazer avaliação de como o universo Carris deve ser organizado”, assegurando que “não haverá concessões nem privatizações no grupo Carris”.

“Não está nos nossos planos, nem faz sentido”, referiu.

O tema foi levado ao encontro pelo dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), Manuel Leal.

Intervindo no período destinado à audição de munícipes, Manuel Leal assinalou que “continua a não se aplicar a contratação coletiva” na Carristur, assim como casos de precariedade.

Acresce que, segundo o sindicalista, as negociações com a administração da Carris estão “com problemas”, razão pela qual solicitou uma reunião a Fernando Medina.

No final de janeiro passado, os trabalhadores da Carristur exigiram em plenário a reposição dos salários que lhes foram cortados desde fevereiro de 2016, solicitação transmitida através de um manifesto entregue ao primeiro-ministro e à administração da empresa.

Os cortes ocorreram devido à suspensão do contrato coletivo de trabalho do setor privado de passageiros, que as sucessivas administrações da Carristur sempre disseram que se aplicava na empresa.

A Carristur é uma operadora de circuitos turísticos em autocarros panorâmicos, tem cerca de 130 motoristas e exerce a atividade em Lisboa, Porto, Funchal, Coimbra, Braga e Guimarães.

Além dos autocarros turísticos panorâmicos, a Carristur tem um serviço de transporte do aeroporto de Lisboa para o Cais do Sodré, os elevadores turísticos e faz também serviços na placa do aeroporto, nomeadamente o transporte dos passageiros no aeroporto e o serviço de ligação entre o terminal 1 e o terminal 2.