Em declarações à agência Lusa, o arqueólogo Pedro Abrunhosa Pereira disse que a campanha se inicia “com quatro arqueólogos em campo e sete voluntários”.

“Uma vez que ainda estamos no início, o projeto compreende apenas sondagens, de 4X4 metros. Este ano planeamos, embora possa ser variável de acordo com os resultados obtidos, escavar uma área de cerca de 70 metros quadrados em vários pontos de São João das Arribas”, acrescentou o arqueólogo.

As escavações realizada no ano passado permitiram perceber que “o castro teve uma ocupação humana descontinuada, desde a Proto-História até ao século I, já no Império Romano, e depois da queda deste até ao século VII”.

O arqueólogo destacou o “pouco conhecimento” que há sobre estas ocupações antigas nas arribas do rio Douro, nomeadamente em comparação com o que se passa em Espanha, onde existem castros idênticos, entre os 20 e os 30 quilómetros de distãncia, que estão estudados e de que se conhece mais.

“O que é interessante, em S. João das Arribas, é que encontrámos cerâmica de luxo, importada do norte de África, no século VI”, salientou Pedro Abrunhosa Pereira, chamando a atenção para o facto de, nesta época, o Império Romano, caracterizado por ter tido “excelentes vias de comunicação”, estar já a ser dissolvido. Segundo afirma, a população que habitava a região tinha um “gosto refinado pela cultura latina” e importava cerâmica de luxo do norte de África, já depois da desagregação do Império Romano.

“Além da cerâmica norte-africana, foi também encontrada cerâmica ‘sigilatta’ do vale do Ebro e de Rioja, o que é mais comum”, acrescentou.

O arqueólogo, que coordena o projeto com a arqueóloga Mónica Salgado, espera que, este ano, se alcance “um significativo número de resultados”, já que a campanha, a partir de hoje até 15 de setembro, dura mais do que a do ano passado.

No castro de S. João das Arribas, situado no perímetro do Parque Natural do Douro Internacional, “encontram-se bem visíveis estruturas dos séculos V a VII, nomeadamente uma muralha”.

Está classificado como monumento nacional desde 1910, e segundo a investigação científica, “há pessoas que o associam a um castro, há pessoas que o associam a um pseudo santuário. Nós sabemos que temos um contexto habitacional, algumas estruturas que não têm ainda nenhuma conexão. Ainda não sabemos perante o que é que estamos, mas sabemos que há material de luxo, e se há material de luxo é possível falarmos de um templo, mas é necessário escavar mais para termos mais resultados”, declarou à Lusa Pedro Abrunhosa Pereira.