Segundo a especialista, os linfomas e as leucemias estão a aumentar, enquanto o número de tumores sólidos (em órgãos) se mantém estável.

“Tenho a impressão que o acréscimo de novos tumores se deve ao aumento dos fatores de risco ambientais, como a poluição, aliado a uma maior fragilidade das crianças e jovens aos mesmos fatores agressores”, explicou.

Em 2017, de acordo com a diretora do serviço de oncologia, foram registados 70 novos casos de cancro no Hospital Pediátrico de Coimbra, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Aquele serviço foi criado na sequência da criação do CHUC, em janeiro de 2011, tendo alargado o seu atendimento até aos 18 anos, mas desde o final da década de 1970 que prestava cuidados diferenciados às crianças com cancro.

Os dados registados em Coimbra, refere Fátima Heitor, indicam que os níveis de doença oncológica se encontram dentro da média nacional.

De acordo com o registo oncológico, todos os anos cerca de 400 crianças e jovens são diagnosticadas com cancro em Portugal, doença que continua a ser a primeira causa de morte não acidental na população infantojuvenil, apesar dos grandes progressos a nível do diagnóstico e tratamento.

No sábado, o Hospital Pediátrico de Coimbra recebe o 4.º Seminário Oncologia Pediátrica, organizado pela Fundação Rui Osório de Castro, destinado a pais, familiares e amigos de crianças com cancro, que se realiza pela primeira vez fora de Lisboa.

“Este ano decidimos ir para Coimbra e no próximo para o Porto, pois a ideia é estarmos cada vez mais perto dos doentes e proporcionar um ponto de encontro de toda a comunidade que trabalha ou que tem, de alguma forma, a ver com o cancro infantil”, disse à agência Lusa Cristina Potier, diretora-geral da instituição.

Com base no “feedback” e testemunhos dos pais, o seminário vai discutir este ano “quase todo o processo de tratamento de uma criança”, desde o internamento, o regresso a casa e ao dia-a-dia e a investigação em oncologia pediátrica.

Segundo Cristina Potier, vão também ser abordadas “todas as questões que têm a ver com o pós-doença: as possíveis sequelas, a parte social, o regresso à escola e à vida normal”, com a participação da pediatra Ana Teixeira, que é a responsável pela única consulta que existe em Portugal para sobreviventes de cancro infantil.