"Essa abordagem do salário mínimo por parte do PCP constitui, na nossa perspetiva, uma luta partidária até alheia à própria concertação social, comentou aos jornalistas, quando lhe foi pedido um comentário à reivindicação da CGTP.

Falando aos jornalistas em Marco de Canaveses, no distrito do Porto, onde hoje participou no Conselho Consultivo de Entre Douro e Minho da CAP, Eduardo Sousa acentuou: "A CAP não tem qualquer possibilidade de analisar sequer um aumento da massa salarial com base na passagem de um salário mínimo para um patamar de 600 euros".

Para o dirigente, "um salário de 600 euros não é um salário muito elevado, mas o país não tem a economia que gostava de ter".

"Para que possamos chegar a salários que tenham no seu patamar base um nível de 600 euros era necessário que houvesse uma ajuda à prossecução dos resultados das empresas que não está contemplada no Orçamento do Estado (OE)" para 2018, defendeu.

O responsável da CAP criticou o OE por ter sido "construído apenas a pensar na despesa e na reposição dos rendimentos de uma determinada camada da população", acrescentando: "veja-se o que se está a passar nas manifestações em Lisboa, em que uns atrás dos outros vêm reivindicar aquilo que os outros conseguiram e tem tudo a ver com os aumentos que foram previstos no orçamento para a função pública e outras organizações similares".

Eduardo Sousa lamentou, por outro lado, que "para o lado das empresas nem sequer esteja prevista uma medida de apoio ao nível do alívio da carga fiscal".

"Não havendo essa hipótese, não é possível encaixar um aumento do lado da despesa associado a um aumento do salário mínimo, e encaixá-lo numa rentabilidade que já está muito reduzida", insistiu.

Além disso, concluiu, no setor agrícola a situação ainda é mais complicada atualmente devido às consequências da seca e dos incêndios florestais.