A municipalização da Carris criou “expectativas” junto dos utentes, mas “as coisas continuam iguais” e as promessas ouvidas continuam por cumprir, disse à agência Lusa a porta-voz da Comissão de Utentes de Transportes de Lisboa, Cecília Sales.

A 21 de janeiro de 2016 foi assinado o memorando de entendimento entre a Câmara Municipal de Lisboa, Estado e Carris que permitiu avançar para a gestão municipal dos autocarros e elétricos da empresa.

“A vida de quem tem que usar os transportes públicos é um caos e nada melhorou. Enquanto não houver o investimento prometido nos autocarros – que o próprio presidente da Câmara assumiu até como bandeira da campanha – não se vai ver qualquer melhoria”, sublinhou Cecília Sales.

Para a Comissão de Utentes, “não há estratégia e, no Orçamento do Estado, não se vê grande hipótese para os investimentos que são precisos para comprar autocarros e contratar pessoal”.

Entretanto, as placas que indicam os tempos de espera “estão inoperativas ou com indicações aberrantes” e os tempos de espera “são enormes”, especialmente durante o fim de semana, constatou.

“Como não há autocarros suficientes, os tempos de espera alargam e juntam-se muito mais pessoas nas paragens. Está-se quase a tornar explosivo”, vincou.

Cecília Sales defendeu que é preciso uma frota maior e mais motoristas, sendo que, passado um ano do memorando e quase dez meses da efetiva municipalização da Carris, “nada melhorou, nem piorou”.

“Já passou um ano, já havia tempo suficiente” para se observarem mudanças, referiu a porta-voz da comissão.

A transferência da gestão da Carris para a alçada da Câmara de Lisboa foi concretizada a 01 de fevereiro.

A gestão da Carris era uma ambição antiga da autarquia e a decisão do Governo surgiu na sequência da suspensão do processo de subconcessão das empresas públicas de transporte de Lisboa e do Porto, lançado em 2011 pelo anterior Governo PSD/CDS-PP.