“Viemos aqui declarar apoio à declaração da independência da Catalunha”, disse à Lusa o presidente do MAS, Gil Garcia, naquela que foi a terceira iniciativa desta natureza que contou com a presença do MAS, partido sem representação parlamentar.

A concentração “Solidariedade com a Catalunha”, que decorreu hoje a partir das 18:00, teve também como objetivo, segundo o presidente daquele partido, “protestar contra as medidas repressivas” do governo central espanhol e “exigir a saída das tropas do exército e da polícia” de Madrid da Catalunha.

“Opomo-nos firmemente à brutalidade da repressão do Estado espanhol que está a utilizar todos os meios para pressionar os catalães num determinado sentido. É inadmissível, não podemos aceitar uma coisa destas”, afirmou à Lusa o militante do MAS, José Oliveira.

Para David Santos, também militante do MAS, a Catalunha “tem direito a ter o seu Estado” e, considerou, não se pode dizer que se defende a democracia e “arrancar os boletins de votos das mãos das pessoas”.

“É um paradoxo ter um chefe de Estado que não é eleito, que é resultado da lotaria genética, ele só é chefe de Estado porque nasceu ali, vir dar lições de democracia aos catalães”, acrescentou.

David Santos defendeu ainda que para lutar contra a saída de empresas da Catalunha a única solução é a sua nacionalização.

“Os catalães têm de responder a essa fuga com uma medida óbvia que é a nacionalização das empresas. Quando o seu futuro económico e empregos são postos em causa a única solução é nacionalizar as empresas que decidam abandonar a Catalunha”, sublinhou.

Já Matilde, de 17 anos, uma das manifestantes presentes na iniciativa, tem raízes catalãs nos avós e manifestou assim a sua solidariedade para com os catalães.

“Eu acho que o governo central espanhol agiu incorretamente, a violência nunca é uma resposta correta”, disse à Lusa, acrescentando que Madrid poderia ter deixado o referendo "acontecer à vontade" e depois ter "uma conversa civilizada” com a Catalunha.

Por sua vez, Nuno, também de 17 anos, participou no protesto por não concordar com o recurso à violência por parte das forças policiais.

“Para mim era escusado ter havido aquela violência contra idosos, crianças e principalmente a polícia ter usado essa força para reprimir”, afirmou à Lusa.

Os dois jovens seguravam um cartaz onde se podia ler: “Filipe VI, falas de democracia mas nem foste eleito”.

Para Nuno, a sua presença pretende também passar a mensagem de que “quando se quer alguma coisa, deve lutar-se por ela”.

A Espanha está mergulhada numa crise desde a realização, a 01 de outubro, de um referendo de autodeterminação, proibido pela justiça e não reconhecido pelo Governo de Madrid, e em que os independentistas catalães reclamam vitória, com 90% de votos favoráveis ao ‘sim’ e uma taxa de participação de 43%.

O dia da votação ficou marcado pela violência policial sobre cidadãos que pretendiam votar ou assegurar a possibilidade de voto, e que, segundo as autoridades regionais, causou perto de 900 feridos.

O presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, admite declarar esta terça-feira a independência, no parlamento regional, caso o Governo central, liderado por Mariano Rajoy, continue a recusar uma mediação.