No dia em que o parlamento regional catalão (Parlament) aprovou a independência da Catalunha, levando o senado de Espanha a autorizar o Governo de Madrid a aplicar o artigo 155 da Constituição, que suspende a autonomia da região, Miguel Albuquerque e Rui Bettencourt, que representaram Madeira e Açores na conferência das regiões ultraperiféricas, concordaram que o conflito espanhol “não beneficia ninguém”.

Apontando que se vive “um momento quente”, que não foi abordado na conferência, dado ser competência de “um Estado soberano, que é a Espanha”, o presidente do Governo Regional da Madeira comentou, todavia, que se verificou “uma radicalização das posições que levou a um beco sem saída”.

“O que está a acontecer neste momento é um fenómeno de radicalização na Catalunha que poderia e deveria ter sido evitado”, mas que foi desencadeado a partir do momento da rejeição do estatuto de autonomia da Catalunha, “e a partir daí houve de facto uma evolução de radicalização que não vem beneficiar ninguém”, disse Miguel Albuquerque.

O governante frisou que “a Europa é um projeto político de paz e de cooperação entre os povos, foi o melhor projeto que aconteceu desde há 100 anos, há 60 anos que a Europa vive em paz e harmonia” e “os povos só ganham quando há projetos de cooperação e desenvolvimento conjunto”, e não de radicalização.

Também o secretário regional Adjunto do Governo regional dos Açores para as relações externas, sublinhando que se trata de uma questão que é da competência de um Estado-membro soberano, comentou que se assiste a uma “uma questão de grande conflitualidade entre o Estado espanhol e a região catalã” que era absolutamente dispensável.

“Achamos que realmente é lamentável que isto aconteça; é lamentável que haja essa tensão no seio da Europa. Nós não precisávamos disso, não gostaríamos de ter isso, e espero que isto se resolva, se bem que nós estejamos muito preocupados com essa situação”, disse.

Rui Bettencourt comentou que “há uma tal tensão entre o Estado espanhol e a região catalã que leva a supor que pode haver uma evolução muito negativa do que vai acontecer a seguir”.

“Espero que as pessoas tenham calma, que as coisas tomem um rumo mais simpático e que não haja uma tensão desmesurada que vá agravando. No seio da Europa não é bom. Nós não gostaríamos em sítio nenhum, muito menos entre nós”, concluiu.