A ficha do referendo marcado para 1 de outubro terá, segundo o El País, a pergunta "Quer que a Catalunha seja um estado independente em forma de república?".

A pergunta também foi apresentada no Twitter da Generalitat da Catalunha.

O anúncio foi feito por Carles Puigdemont, presidente da Generalitat da Catalunha, na sede do governo catalão, depois de um Conselho Executivo  extraordinário.

Antes de fazer o anúncio do referendo, o presidente criticou o Tribunal Constitucional por "ter terminado com o debate, aliança e acordo que conduziu ao novo Estatuto de Autonomia da Catalunha". Tudo isto justifica, segundo Puigdemont, "as razões para se chegar até aqui", cita o El País.

O vice-presidente do Executivo, o republicano Oriol Junqueras, apresentou uma crítica ao governo espanhol por "negar, de forma reiterada, que os cidadãos da Catalunha exerçam o seu direito fundamental de voto". Referiu também que o Estado Espanhol é "Um Estado continua a proteger os interesses de uns poucos, um estado que continua no exercício das suas funções mal aplicadas".

Carme Forcadell, presidente do Parlamento da Catalunha, partilhou no Twitter o resultado do Conselho de hoje. "No dia 1 de outubro as catalãs e os catalães vão decidir em liberdade e democraticamente o nosso futuro. É hora de votar!".

O Partido Popular já reagiu ao anúncio do referendo. Rafael Hernando, porta-voz Popular no Congresso, pediu a Puigdemont que "deixe de enganar as pessoas, dissolva o parlamento e convoque eleições na Catalunha". Hernando acrescentou ainda que a pergunta do referendo é "um fracasso e uma fraude" e que é preciso deixar de "criar frustração aos catalães".

Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declarar que iriam organizar até setembro deste ano um referendo sobre a independência da Catalunha, mesmo sem o acordo de Madrid. Mariano Rajoy, presidente espanhol, assegurou sempre que este referendo não aconteceria.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas, mas tem vindo a subir de tom nos últimos anos.

O movimento independentista ganhou uma nova intensidade a partir de 2010, quando o Tribunal Constitucional anulou o “Estatuto” da Catalunha, que desde 2006 conferia à região muitas competências e o título de “Nação”.

O Governo espanhol liderado por Mariano Rajoy admitiu que a “questão catalã” é o maior desafio que Espanha enfrenta em 2017, mas espera que a retoma económica, o aumento dos investimentos em infraestruturas locais e o aumento do diálogo com a região irão permitir normalizar a situação.

[Notícia atualizada às 10h48]