Para Augusto Santos Silva, as instituições de Espanha "saberão encontrar a melhor solução" e ultrapassar "eventuais diferendos e sobretudo progredir na senda do progresso".

"Enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, eu não sou parte em discussões que dizem respeito a Espanha", sublinhou, em declarações aos jornalistas, em Coimbra.

Augusto Santos Silva realçou que a União Europeia, tal como Portugal, acompanha "com toda a atenção" os desenvolvimentos da situação política na Catalunha.

Além de estado vizinho de Portugal, "Espanha é o nosso interlocutor político há muitos séculos e é também o nosso principal parceiro económico", adiantou, fazendo votos para que "a Constituição e a lei espanhola sejam respeitadas por todos".

"Confio que as instituições relevantes saibam envolver-se num diálogo político responsável, para que esta página possa ser virada", num sentido que "compete aos espanhóis escolherem", afirmou Augusto Santos Silva.

A Espanha está mergulhada numa crise desde a realização, a 01 de outubro, de um referendo de autodeterminação, proibido pela justiça e não reconhecido pelo Governo de Madrid, e em que os independentistas catalães reclamam vitória, com 90% de votos favoráveis ao ‘sim’ e uma taxa de participação de 43%.

O dia da votação ficou marcado pela violência policial sobre cidadãos que pretendiam votar ou assegurar a possibilidade de voto, e que, segundo as autoridades regionais, causou perto de 900 feridos.

O presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, admite declarar esta terça-feira a independência, no parlamento regional, caso o Governo central, liderado por Mariano Rajoy, continue a recusar uma mediação.

Este fim-de-semana, centenas de milhares de catalães saíram à rua para exigir ao líder catalão que renuncie.

A Europa segue com preocupação a evolução da crise catalã.

Face às ameaças de secessão de Catalunha, onde vive 16% da população espanhola, a chanceler alemã, Angela Merkel, reafirmou no sábado, numa conversa telefónica com o seu homólogo espanhol, o seu “apoio à unidade de Espanha”.

Por seu lado, Paris advertiu que a independência da Catalunha não seria reconhecida e significaria imediatamente uma saída da região da União Europeia.