"O CDS respeita esse pedido de demissão por motivos relacionados com a pessoa do senhor comandante nacional da Proteção Civil, mas quer deixar bem claro que não deixará que o Governo aproveite esta demissão para omitir de responsabilidades que são suas", disse à Lusa o presidente da bancada centrista, Nuno Magalhães.

Questionado pela Lusa, Nuno Magalhães afirmou que os centristas não excluem, "em sede parlamentar e no âmbito das comissões competentes, a hipótese de requerer a audição" de Rui Esteves.

Insistindo na responsabilização política sobre a situação dos incêndios deste verão, que envolveu a morte de pelo menos 64 pessoas em Pedrogão Grande, Magalhães sublinhou que "foi este Governo, esta ministra e este secretário de Estado que nomearam o demissionário comandante para o lugar em que estava".

Nuno Magalhães, que já ocupou a secretaria de Estado da Administração Interna, disse ainda que o CDS deseja que a escolha do Governo para substituir Rui Esteves seja guiada por "critérios de exigência, de competência e respeito de todos os atores operacionais".

A demissão de Rui Esteves surge poucas horas depois de o ministro do Ensino Superior e o presidente do Politécnico de Castelo Branco terem pedido à Inspeção-Geral de Educação e Ciência a abertura de um inquérito à licenciatura do comandante da Autoridade Nacional da Proteção Civil.

A licenciatura de Rui Esteves em Proteção Civil pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco foi concluída com 32 equivalências num total de 36 unidades curriculares que compõem o curso, segundo avançou o jornal Público e a RTP.

De acordo com a informação, as equivalências tiveram por base experiência profissional e cursos de formação.

Na semana passada, por determinação da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um processo disciplinar a Rui Esteves, depois de ter sido noticiado a acumulação de funções públicas.

Segundo o Ministério da Administração interna, o lugar de comandante operacional nacional vai ser assumido interinamente pelo atual segundo comandante operacional nacional, tenente-coronel Albino Tavares.