Na sua audição na comissão de Assuntos Europeus, o ministro Augusto Santos Silva alertou para a "delicadeza da situação europeia", que este ano enfrentará "um ciclo eleitoral muito exigente" em países como Alemanha, França e Holanda.

Neste último país, referiu, o candidato Geert Wilders, que lidera as sondagens para as eleições de março, defende o encerramento das mesquitas e o fim da ajuda pública ao desenvolvimento, na ordem dos 10 mil milhões de euros anuais, além da saída imediata da União Europeia.

Santos Silva lançou um apelo: "Todos nós, os democratas, devemos impedir que isto se transforme em linhas de ação".

"Os verdadeiros democratas não deviam estar preocupados com esta onda de populismo que anda a varrer Portugal?", questionou o deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares, que acusou os partidos que apoiam o Governo no parlamento - PCP e BE - de fazerem "propostas protecionistas, isolacionistas e populistas".

Ambos os partidos, justificou Mota Soares, defendem a saída do euro, são contra a NATO e criticam o tratado comercial entre União Europeia e Canadá.

"O PCP diz que as instituições europeias são ocupantes de Portugal, o Bloco de Esquerda diz que há um colonialismo financeiro", acrescentou.

Na resposta, Santos Silva disse que não conhece "nenhuma medida equivalente [às do partido de Wilders] proposta, seja por quem for, no espaço público português".

"Não confunda as coisas", disse o ministro.

"O que estamos a ver em certos países, que são democracias maduras, sólidas, parceiros da primeira hora no projeto europeu, é de uma gravidade extrema que não podemos banalizar, tornando-a comparável a opiniões que são inteiramente legítimas e inteiramente democráticas", considerou Santos Silva.

"É inteiramente democrático ser-se contra a NATO, o euro e a União Europeia", declarou.

Santos Silva referiu ainda que "houve uma altura em que o CDS não era assim tão entusiástico sobre a integração europeia".

A deputada do BE Isabel Pires lamentou o desconhecimento do programa eleitoral bloquista e condenou a posição do CDS: "Só é democrata quem concorda com as ideias da direita e do PS. Recusamos essa ideia. Só existirá democracia com várias ideias em confronto".

Já o deputado comunista Miguel Tiago ironizou que "durante muitos anos, alertar sobre a União Europeia e o euro não era nada popular, muito menos populista, era até uma espécie de delírio próprio dos comunistas", enquanto "os que nos mentiram e disseram que a UE nos traria o paraíso, mas que nos colocou neste purgatório económico, esses não eram os populistas".