"Nunca fiz qualquer determinação à CGD para se envolver em qualquer operação de financiamento. No que me diz respeito, a CGD participou nesses projetos dentro do desenvolvimento do seu negócio e do mandato que tinha", afirmou hoje no parlamento o ex-governante sobre os créditos concedidos à La Seda e à Pescanova, empresas espanholas que não cumpriram com as suas obrigações para com o banco público português.

Durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD, Teixeira dos Santos também negou qualquer interferência governamental na "guerra" acionista do Banco Comercial Português (BCP), em 2007, e disse não ter conhecimento sobre a participação da CGD na mesma.

"Que eu saiba, a CGD não interferiu no BCP. A situação com que me fui confrontado, em 2007, quando Santos Ferreira estava a terminar o seu mandato, foi com o convite que lhe foi endereçado para liderar o BCP. Foi ele que me disse que tinha sido desafiado para outra instituição", afirmou.

"Evitei sempre interferir em operações em concreto, fosse o que fosse, da CGD", assegurou o antigo ministro, considerando que a "ideia de que houve interferência da Caixa no BCP é uma tese" da qual não corrobora.

Ainda sobre o BCP, no âmbito do empréstimo concedido pela CGD ao empresário Joe Berardo, que lhe permitiu ficar com uma participação qualificada no maior banco privado português, Teixeira dos Santos disse que só soube que tal crédito tinha sido dado depois de a operação estar fechada.

"A operação que refere, tal como qualquer outra, é uma operação que só tomámos conhecimento depois de ter sido tomada. Foi avaliada, decidida e é da responsabilidade de quem estava na administração na altura. O acionista é confrontado com um situação que estava tomada e o risco estava assumido", vincou.

Teixeira dos Santos deu uma resposta semelhante quando questionado sobre a aquisição por parte da CGD da posição do empresário Manuel Fino na Cimpor a um preço muito superior à cotação em bolsa das ações da cimenteira.

Já sobre a OPA lançada em 2006 pela Sonae à Portugal Telecom (PT), o antigo governante garantiu que "o Ministério das Finanças no exercício da sua função acionista não deu orientação à CGD quanto ao sentido de voto".

A aquisição da TVI pelo grupo espanhol Prisa teve resposta idêntica.

"Não tenho conhecimento de qualquer envolvimento do Ministério das Finanças nessa operação", vincou.

Segundo Teixeira dos Santos, "o acionista [Estado] não pode estar a interferir dia após dia na gestão da CGD" e os acionistas privados também não devem interferir ativamente na gestão das empresas em que detêm participações.

Em jeito de conclusão, e depois de questionado se estas operações deveriam ou não ter sido analisadas pela 'troika' (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) enquanto foram feitos os exames à banca durante o programa de resgate internacional de Portugal, (2011 a 2014), Teixeira dos Santos concordou.

E alargou o período aos testes de resistência feitos aos ativos dos bancos pelos reguladores nos últimos anos.

"Se há operações que foram feitas de forma irregular devem ser detetadas nestas auditorias, e nos órgãos internos das instituições", rematou.

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