Com 43,48% dos votos apurados, Piñera, candidato do Chiklee Vamos (direita) tem 36,65% dos votos, resultado menor do que o previsto pelas sondagens.

O jornalista Guillier, do Nova Maioria, aparece em segundo, com 22,66%, pouco à frente da representante da esquerda radical, Beatriz Sánchez, com 20,41%, segundo a contagem parcial do Serviço Eleitoral (Servel).

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Em quarto lugar aparece o candidato de ultra-direita José Antonio Kast, com 7,85%, maior surpresa da votação.

Cerca de 14,3 milhões de cidadãos foram convocados às urnas para votar.

Os locais de votação fecharam às 18:00 horas locais (21:00 em Lisboa).

Oito candidatos presidenciais, entre eles seis de centro-esquerda, desejavam suceder à presidente socialista Michelle Bachelet a partir de 11 de março.

Fantasma da Abstenção

A fragmentação de partidos torna quase impossível que haja um vencedor na primeira volta, porque é preciso obter 50%+1 dos votos, apesar da vantagem de Piñera nas sondagens.

A isso se soma o fantasma da baixa participação num país que é campeão em abstenção na América Latina, já que o voto não é obrigatório.

Por esse motivo, houve um apelo para que os chilenos fossem às urnas, começando pelo da presidente.

"É importante que compareça (à votação), que exerça o seu direito de cidadão e que vote por quem sinta que o representa no que deseja para o Chile", disse Bachelet, que evitou fazer pronósticos sobre a participação, mas que admitiu que espera uma segunda volta, prevista para 17 de dezembro.

Apesar de a maioria dos eleitores nas filas para votar serem mais velhos, Daniel Concha, de 31 anos, disse à AFP que vota sempre. "Acho que é importante votar e assim se pode influenciar no projeto político que se quer para o país".

Paula Salas, 35 anos, votou em Beatriz Sánchez, a candidata da Frente Ampla (esquirda radical) para que haja "uma distribuição mais justa dos recursos do país".

Plebiscito sobre Bachelet

Assim como no Peru, na Argentina e no Brasil, o Chile parece passar por uma guinada à direita.

Muitos consideram que esses comícios são de certo modo um plebiscito sobre a gestão da própria Bachelet, que já entregou em 2010 o poder a Piñera, rompendo a hegemonia de centro-esquerda desde a recuperação da democracia em 1990 depois de 17 anos da ditadura militar de Augusto Pinochet.

No entanto, nem todos acham que, em caso de vitória, Piñera vá cumprir sua promessa de rever a bateria de reformas promovidas por Bachelet, em particular a tributária, a trabalhista e a lei do aborto terapeutico, que, junto com a gratuidade do ensino superior, são algumas das mais emblemáticas medidas do último mandato da socialista.

Além disso, os chilenos também estão convocados para renovar grande parte do Congresso, com a introdução de uma nova lei eleitoral que põe fim ao sistema binominal herdado do regime Pinochet, substituído por um proporcional que visa melhorar a representatividade.

Os cálculos eleitorais indicam que a direita aumentará a sua representação no Congresso, em detrimento da centro-esquerda; mas um eventual governo de Piñera não terá maioria em nenhuma das duas câmaras.

[Por: Ana Fernandez/AFP]

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