A sessão foi promovida conjuntamente pelos CTT - Correios de Portugal e pelas Infraestruturas de Portugal, durante a qual foi descerrada uma placa por Isabel Soares, a sua filha, onde se lê: "Comboio da liberdade" e "só é vencido quem desiste de lutar" - uma das frases mais emblemáticas do fundador do PS.

Além da placa evocativa, os CTT lançaram também um selo de homenagem a Mário Soares (com uma fotografia da autoria de Luís Vasconcelos) e ainda um bloco (peça filatélica para colecionadores com o retrato oficial do antigo chefe de Estado, da autoria de Júlio Pomar).

Isabel Soares caracterizou a chegada do seu pai a Santa Apolónia, no dia 28 de abril de 1974, como "um momento empolgante" para muitos portugueses, mas também de muita "ansiedade" para os dois filhos.

Entre Vilar Formoso e Lisboa, o "comboio da liberdade" - onde vinham Soares, a sua mulher, Maria Barroso, e antigos dirigente socialistas como Francisco Ramos da Costa, Manuel Titto de Morais e Fernando Oneto - foi forçado a fazer várias paragens prolongadas.

"Assim que entrou em território nacional, aquele comboio foi rodeado em todas as estações. Em cada paragem o meu pai saía e juntava-se à população que, comovidamente, festejava a liberdade e o seu regresso a Portugal", referiu Isabel Soares, justificando a causa de a viagem ter demorado muitas horas entre a fronteira portuguesa e Lisboa.

"O entusiasmo era tal que o maquinista do comboio, em cada pausa, perguntava ao meu pai se podia arrancar novamente com o comboio. Enquanto isso, eu e o meu irmão aguardávamos inquietos a sua chegada à Estação de Santa Apolónia. Aguardávamos por esse momento há quatro anos", salientou a atual diretora do Colégio Moderno de Lisboa.

Com o ministro das Finanças, Mário Centeno, na primeira fila da plateia, tendo perto de si o presidente da CP (Comboios de Portugal) e antigo secretário-geral do CDS, Manuel Queiró, o ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, fez o último discurso da sessão, defendendo que a chegada de Mário Soares a Santa Apolónia foi simultaneamente uma partida de Portugal para um novo rumo.

Pedro Marques referiu ter visto mais tarde em imagens de arquivo da televisão a receção "entusiástica" e "de grande emoção" a Mário Soares, com milhares de pessoas que enchiam o largo em frente à estação.

"Embora com 49 anos de idade, para Mário Soares contavam-se já 32 anos de oposição ao regime. Maria de Jesus Barroso, sua mulher, e os companheiros do exílio que o acompanhavam podiam agora voltar à pátria em liberdade. Mário Soares era já para os portugueses um símbolo da luta pela democracia", disse, recebendo uma prolongada salva de palmas.

Antes do ministro Pedro Marques, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, saudou a iniciativa por "assinalar uma data simbólica e histórica na vida da democracia portuguesa".

"Verdadeiramente, este evento não foi uma chegada a Lisboa, mas uma chegada a Portugal, já que representou uma ideia de futuro para o nosso país. Mais do que o ato físico da cheda de Mário Soares, celebramos a chegada a Portugal do ideário de liberdade e de democracia, da descolonização, do desenvolvimento e da adesão à Comunidade Económica Europeia", sustentou Fernando Medina.