“As famílias devem conhecer os contratos quando assinam um termo de responsabilidade. Temos de saber o que estamos a assinar”, disse à agência Lusa o presidente da CONFAP, Jorge Ascensão.

O dirigente da CONFAP alertou também para os riscos de fazer uma generalização do comportamento dos cerca de mil estudantes portugueses que regressaram a Portugal este fim-de-semana após alegados desacatos num hotel em que se encontravam em Espanha.

“Tanto quanto sabemos, terá sido uma dezena de jovens a ter comportamentos reprováveis”, afirmou Jorge Ascensão, convidando toda a sociedade a refletir sobre o modelo educativo em que assenta hoje a escola.

Na sua opinião, o modelo de educação está demasiado centrado “nas classificações e no acesso ao ensino superior”, pelo que se impõe uma discussão sobre valores e limites que os alunos devem ter quando não estão nas aulas.

A Lusa recebeu um e-mail de aluno que se identificou como um dos participantes na viagem. Entre outras queixas, referiu que foi assinado um contrato que previa bar aberto e que este foi encerrado às 22h00.

Questionado sobre este tipo de contratos, Jorge Ascensão alertou os pais para a necessidade de saberem em que condições autorizam a viagem dos filhos.

“Acreditamos que as famílias dão os melhores conselhos aos seus filhos, mas estamos a falar de fenómenos de massas, as famílias são as primeiras responsáveis. Temos de garantir a segurança deles”, defendeu.

Para Jorge Ascensão, os problemas noticiados quase todos os anos com viagens de finalistas são “sinais de alerta” que devem levar a uma reflexão, nomeadamente se faz sentido este tipo de organização no ensino secundário.

O hotel onde estava alojado um grupo de 800 estudantes portugueses do ensino secundário confirmou no sábado que expulsou os jovens por danos e vandalismo nos últimos dias e prometeu mais detalhes para uma conferência de imprensa na segunda-feira.

Fonte da Direção Nacional da PSP havia dito à Lusa, anteriormente, que cerca de mil estudantes portugueses do ensino secundário haviam sido expulsos de uma unidade hoteleira em Benalmádena, sul de Espanha, por desacatos e mau comportamento.

A polícia portuguesa está a acompanhar o caso em colaboração com as autoridades espanholas.

O Governo português está também a acompanhar a situação, revelou no sábado à Lusa o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.

“Os nossos serviços consulares já dialogaram com as autoridades [espanholas] e encontram-se a acompanhar a situação”, disse José Luís Carneiro, acrescentando que, de acordo com a informação de que dispunha, os estudantes “encontram-se bem”.

Milhares de estudantes do ensino secundário portugueses estão em várias localidades do sul de Espanha em viagens de finalistas.

Benalmádena, Marina D'Or e Punta da Umbria são alguns dos destinos escolhidos.