As temperaturas médias teriam uma subida de até 9,5°C - cinco vezes o limite máximo de aquecimento global estabelecido na Conferência sobre o Clima da ONU, realizada em Paris em dezembro de 2015 (COP 21), de acordo com um artigo publicado na revista Nature Climate Change.

Modelos anteriores previam que o esgotamento das reservas de combustíveis fósseis aqueceria o planeta em entre 4,3ºC e 8,4ºC. O novo estudo corrige esse nível para entre 6,4ºC e 9,5ºC. Na região do Ártico, que já está a aquecer mais do que o dobro da média mundial, o termómetro subiria entre 15ºC e 20ºC.

A queima de todas as reservas conhecidas de petróleo, gás e carvão iria libertar cerca de cinco biliões de toneladas de carbono na atmosfera, principalmente sob a forma de dióxido de carbono, afirma o estudo. Esse volume - cerca de dez vezes os 540 mil milhões de toneladas de carbono emitidas desde o início da Revolução Industrial - pode ser atingido perto do final do século XXII, se o ritmo do uso de combustíveis fósseis não for alterado.

A maioria das projeções do Painel de Ciência do Clima das Nações Unidas para as emissões de gases causadores do efeito estufa não prevê emissões superiores a dois biliões de toneladas de carbono. Ainda assim, é mais do que o suficiente para desencadear uma série de eventos, como a subida do nível das águas dos mares, secas, ondas de calor e inundações. Para se ter uma probabilidade maior de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, a cota máxima de carbono - incluindo o que já foi lançado - é de cerca de um bilião de toneladas, segundo a ONU.

"É relevante saber o que pode acontecer se não tomarmos medidas para atenuar as mudanças climáticas", disse à AFP Kasia Tokarska, doutoranda na Universidade de Victoria, no Canadá.

Alto risco

Ainda não há nenhuma garantia, apontou Tokarska, de que as 195 nações que formularam o acordo de Paris vão cumprir a sua promessa coletiva para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, com a redução do uso de combustíveis fósseis.

Os negociadores reuniram-se novamente esta semana em Bona, na Alemanha, para começar a transformar o acordo político num plano operacional, mas viram-se a braços com dicussões processuais.

"Os formuladores de políticas precisam de ter uma visão clara do que está em jogo... se as políticas climáticas significativas não forem postas em prática", disseThomas Frolicher, especialista em Física Ambiental da Universidade ETH de Zurique, num comentário do estudo.

Investigações anteriores tinham projetado que o aumento da temperatura da Terra iria abrandar, assim que o nível de dois biliões de toneladas fosse alcançado. Após atingir esse limite, o impacto do carbono adicional seria menor.

Usando modelos climáticos atualizados, no entanto, Kasia Tokarska e os colegas mostraram que grande parte dos trabalhos tinham sobre-estimado a capacidade dos oceanos de absorverem o CO2 lançado no ar. "O oceano absorve calor mais lentamente sob estas condições, compensando o abrandamento do aumento da temperatura", explicou a investigadora por e-mail.

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