"De momento não temos a intenção de participar em negociações", afirmou Choe Son-Hui, diretora geral adjunta do departamento de assuntos norte-americanos do ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte.

O governo de Pyongyang abandonou em 2009 as negociações multilaterais que tinham como objetivo levar a Coreia do Norte a abandonar o programa nuclear. Pouco depois o país realizou o segundo teste nuclear.

As negociações contavam com a presença da China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Rússia e Japão. Choe Son-Hui viajou a Pequim para participar num fórum anual sobre segurança que reúne representantes dos seis países "Num contexto em que os Estados Unidos mantêm a sua política hostil, a Coreia do Norte não pode negociar o abandono do programa nuclear da península coreana", disse a diplomata.

Líder norte-coreano declara sucesso de mísseis e ONU analisa reação

Kim Jong-un falou sobre o sucesso dos testes de dois mísseis de médio alcance disparados na quarta-feira, afirmando que são uma ameaça às bases americanas no Pacífico, no momento em que a ONU analisa a "violação flagrante" das resoluções do Conselho de Segurança.

Kim, que supervisionou pessoalmente os testes, declarou que trata-se de um "grande acontecimento", que reforça as capacidades de ataque nuclear preventivo da Coreia do Norte, segundo a agência oficial KCNA. "Temos a capacidade segura de atacar de maneira efetiva os norte-americanos no teatro de operações do Pacífico", disse Kim, citado pela agência oficial.

Os mísseis testados foram os Musudan, com alcance de entre 2.500 e 4.000 quilómetros, capazes de atingir as bases americanas na ilha de Guam.

Depois de quatro testes fracassados em 2016, a Coreia do Norte lançou os dois Musudan, em que um percorreu 400 quilómetros sobre o mar do Japão, depois de atingir uma altitude de 1.000 metros, e outro percorreu 150 quilómetros, na mesma zona, segundo analistas militares japoneses. "O teste foi realizado com sucesso, sem o menor risco para os países vizinhos", acrescentou a agência de imprensa norte-coreana.

O Musudan foi revelado durante um desfile militar em 2010, em Pyongyang. Na quarta-feira, o embaixador francês Francois Delattre, que preside o Conselho de Segurança, qualificou os testes de "violação flagrante e inaceitável das resoluções" do órgão. Delattre pediu uma "reação firme e rápida" do organismo que preside.

O Conselho realizou esta quarta-feira consultas para analisar os testes de mísseis realizados por Pyongyang. O embaixador francês adjunto na ONU, Alexis Lamek, avaliou que há "uma grande convergência de pontos de vista" entre os 15 membros do Conselho para condenar os recentes disparos da Coreia do Norte. Os Estados-membros consideram, por unanimidade, que os disparos "violam todas as resoluções do Conselho de Segurança", e uma declaração formal "está a ser discutida e deve retomar uma mensagem firme em relação ao regime de Pyongyang", acrescentou Lamek.

A embaixadora americana Samantha Power disse que espera "uma condenação rápida e unificada" do que qualificou de "desafio" da Coreia do Norte. O embaixador francês espera que o Conselho publique uma declaração unânime dos seus 15 membros condenando o lançamento, como já fez no passado. Delattre qualificou o programa balístico norte-coreano como "uma grave ameaça para a paz e a segurança regional e internacional".

"Diante do risco de proliferação, consideramos que a fragilidade não é uma opção". A situação degradou-se, especialmente na península coreana, a partir do quarto teste nuclear da Coreia do Norte, no início de janeiro, seguido em fevereiro pelo disparo de um foguete, considerado como um teste disfarçado de míssil de longo alcance.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reagiu na ocasião adotando as sanções mais duras já decididas contra o regime de Kim Jong-un. O governo dos Estados Unidos anunciou no início do mês sanções destinadas a restringir ainda mais o acesso de Pyongyang ao sistema financeiro internacional, por causa da "ameaça" que representa.