“Nesta época, onde tantas vezes temos dúvidas sobre a hierarquia dos valores, a história recente desta coleção ajuda-nos a pôr os valores na sua devida hierarquia. Com esta coleção ficámos a saber que os bancos, por muito valiosos que sejam, podem-se ir, mas há algo que fica e que é permanente e de um valor intangível, que é o valor da criação cultural da obra dos 80 quadros que Joan Miró pintou e que nos legou para a nossa fruição”, afirmou o primeiro-ministro na inauguração da exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, na Casa de Serralves, no Porto.

Perante uma plateia na qual se encontrava o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e múltiplas figuras culturais e políticas do país, Costa reiterou que “estes quadros, que vieram à posse do Estado por nacionalização de um banco, não vão ser vendidos” e que vão ficar no Porto.

“Decidimos que estas obras ficarão na cidade do Porto e ficarão na cidade do Porto porque o Porto é uma marca mundial, uma marca mundial pelo vinho a que deu nome, mas é uma marca mundial pela excelência da sua criação artística ao longo dos séculos, pela excelência da criação artística contemporânea”, disse António Costa, recebendo um aplauso dos presentes.

Assim sendo, Costa dirigiu-se ao autarca Rui Moreira para dizer que é com “um enorme prazer que o Estado confia à Câmara Municipal do Porto a coleção de que é proprietário, estando certo de que nas suas mãos esta coleção estará (…) sobretudo aberta aos olhos de todos aqueles que queiram visitar [Portugal] e conhecer melhor Joan Miró”.

Dirigindo-se, depois, ao presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, António Costa declarou que Portugal e Espanha ficam agora “mais próximos”.

“A partir de hoje, o Porto não partilha com Espanha só as águas do Douro, passa também a partilhar com Espanha a presença, a oportunidade de conhecer e a oportunidade de divulgar para todo o mundo a obra de um grande espanhol que produziu uma obra que é hoje património comum de toda a humanidade”, declarou.

À chegada a Serralves, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa foram recebidos por um protesto de trabalhadores despedidos pela Parvalorem, num processo que um dos manifestantes, António Dâmaso, considerou, em declarações à Lusa, "injusto e ilegal", uma vez que a entidade patronal era na realidade o BPN.

"Governo salva Mirós e despreza os trabalhadores ilegalmente despedidos pela Parvalorem", podia ler-se num dos cartazes que envergavam.