Um grupo de mais de 20 técnicos de diagnóstico e terapêutica resolveram, a “título cívico”, concentrar-se à porta da Fundação Engenheiro António de Almeida, no Porto, onde António Costa se deslocou para um debate sobre o Orçamento do Estado para 2018, para entregar ao primeiro-ministro uma carta em que resumem as reivindicações e críticas, nomeadamente o facto de “serem os únicos licenciados da função pública que não recebem como licenciados”, explicou à Lusa a porta-voz do grupo, Gina Pinto.

O primeiro-ministro subiu a rua a pé e deslocou-se diretamente para junto dos técnicos de saúde, tendo-se comprometido a ler a missiva e a “falar com o ministro da Saúde e [o] das Finanças”, após o que deixou o local, saudado com aplausos.

“Recentemente iniciámos uma greve por tempo indeterminado que muito afeta a nossa consciência profissional. Entrámos numa dicotomia entre o que estamos a causar aos utentes e aquilo que merecemos, pelo nosso empenho, pelo nosso mérito, pela nossa formação académica e pelo que representamos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, descreveu Gina Pinto, na conversa que manteve com António Costa.

À Lusa, a profissional admitiu que a greve tem “consequências muito sérias, prejuízo para o SNS e para os utentes mas também para o perfil profissional” dos trabalhadores, devido à “dicotomia séria” entre a consciência dos técnicos e aquilo que sentem merecer.

Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica estão desde quinta-feira numa greve por tempo indeterminado, um protesto que pretende que o Governo cumpra o prometido aos sindicatos relativamente à regulamentação da carreira que estes profissionais esperam há 18 anos.

Os sindicatos consideram que “tem havido uma grande obstrução da parte do Ministério das Finanças” para dar continuidade às negociações e por isso “pedem responsabilidades ao primeiro-ministro”.

No primeiro dia de greve, os técnicos de diagnóstico e terapêutica acusaram as ordens profissionais de estarem de mãos dadas com o poder político, para prolongar a “situação miserável” de outros profissionais.

Num manifesto aprovado durante uma manifestação em Lisboa, os técnicos consideram que o Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP) quer “esmagar” outras profissões e "usurpar funções".

“Hoje conhecemos os que, acantonados no CNOP, querem esmagar as nossas profissões. Querem usurpar as nossas funções. Agora percebemos a razão por que durante 18 anos as nossas carreiras se arrastaram nos corredores do poder político, enquanto destruíam o nosso futuro”, refere o manifesto aprovado durante a concentração que reuniu algumas centenas de profissionais junto ao Ministério da Saúde.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica considerou como insultuosa a posição assumida pelo CNOP acerca da proposta de criação de uma Ordem dos Técnicos de Saúde.

O Conselho das Ordens Profissionais pediu à Assembleia da República para suspender o processo de criação das ordens dos Fisioterapeutas e dos Técnicos de Saúde, manifestando dúvidas quanto à legalidade e à transparência do processo.

Entretanto, o Parlamento chumbou a criação da Ordem dos Técnicos de Saúde e aprovou a criação da Ordem dos Fisioterapeutas.