Fazer negócios em português, no mundo da Lusofonia. Este é o ponto de partida da V edição do Fórum da União de Exportadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que se realiza hoje e amanhã no Europarque, em Santa Maria da Feira.

Ao todo, são esperados “350 expositores e cerca de 3000 empresários”, que durante dois dias terão oportunidade de mostrar os mais “variados setores da atividade económica, da agricultura, ao turismo, passando pela energia e desporto”, refere Mário Costa, presidente da União de Exportadores da CPLP.

“O Fórum, onde se faz essencialmente networking, abre as portas para fazer negócios no futuro”, acrescenta. A título de exemplo, Mário Costa relembra que, em Braga, numa anterior reunião, “tivemos 1200 reuniões de negócios num dia” e que “30 % dos B2B resultaram em negócios ou parcerias”.

Mas os negócios não se restringem ao espaço onde se fala português. “Não vejo a CPLP como nove países nem como destino final. Cada um deles pertence a uma sub-região, logo uma porta de entrada. São Tomé tem 180 mil habitantes. À sua volta tem 350 milhões e países com recursos vastos. É difícil a um português vender para o Gana ou Gabão. Através de São Tomé, com a afinidade cultural e proximidade é diferente...”. Seguindo o raciocínio, Mário Costa deixa um recado a todos os empresários. “O espaço que engloba “230 milhões de habitantes” tem já por si “enorme potencial”, mas se incluirmos as sub-regiões, “86 países”, o número de oportunidades de negócio salta para “30% da população mundial”.

A CPLP deve caminhar, por isso, para um mercado único, defende. “Temos uma posição geoestratégica mundial. E economias complementares. Portugal e Brasil, economias mais desenvolvidas e outras economias mais virgens com um potencial. Sozinhos demorariam anos. Com know how português e tecnologia brasileira chegam rapidamente lá”, sublinha.

“Portugal está na cauda da União Europeia e no pelotão da frente da CPLP”. O presidente da UE-CPLP aponta por isso o caminho: “Porque é que nos viramos para um continente envelhecido, com problemas no sistema financeiro e não nos viramos para continente africano e asiático onde há recursos, taxas de crescimento e potencial e onde nos reconhecem como líderes”, questiona.

Para além das reuniões B2B e apresentações temáticas, decorre hoje a Conferência "CPLP: Um Mundo de Oportunidade de Negócio" que terá como oradores Marques Mendes, Fernando Teixeira dos Santos (ex-ministro das Finanças), Mário Costa, Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP. Além de empresários dos Estados-membros, são esperados participantes das sub-regiões da CPLP, como sejam a Indonésia, Gabão ou Camarões.

Taça da Liga no outro lado do mundo, um mega-projeto em Timor e uma voz conjunta na FIFA

No sábado, será apresentado, entre outros projetos, o “Desporto CPLP”, uma iniciativa que liga o desporto ao desenvolvimento e à educação, que deverá ser alargada a todos os países da CPLP. Numa ótica de “educar usando o desporto”, a CPLP terá uma palavra a dizer no campo desportivo. “Em Moçambique (em parceria com Manuel Monteiro, responsável pela organização da Taça Coca-Cola, maior competição em África que reúne 350 mil crianças) vamos criar 155 escolas de futebol, nas escolas. Criamos infraestruturas, fornecemos bolas e treinadores e tentamos fazer competições”, refere.

Para além da educação que necessita de ser trabalhada, há o talento natural. “Os países da CPLP são viveiros com potencial grande a necessitar de ser trabalhados”. E as sub-regiões também entram para este campeonato. “Temos dois nigerianos a atuar em Moçambique, que vêm para um clube português, que são da seleção da Nigéria. Foram identificados pela União de Exportadores do desporto”.

Mário Costa, que para além de empresário é também presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga de futebol acredita que o trabalho desenvolvido na CPLP poderia trazer algo para a Liga, seja em “direitos de transmissão” ou “captação de investidores”. Dá um exemplo: “Timor-Leste tem 1,8 milhões de habitantes. A Indonésia está a duas horas de viagem. O presidente da Liga de Timor esteve cá e tirou uma selfie com Pedro Proença, presidente da Liga de futebol portuguesa. Teve milhares de likes na Indonésia. Os jogadores indonésios viram em Timor uma porta de entrada na Europa e começaram a querem ir jogar para Timor”. Mas esta porta de entrada não seria só pelos campos de futebol. “Empresas indonésias e australianas querem usar Timor para chegar a Europa”, realça Mário Costa.

Com Benfica, Sporting e Braga como membros, e Porto preste a entrar, acredita que “é possível” ver a final da taça da Liga de futebol num país da CPLP. “Já lancei esse desafio. Existe vontade de patrocinadores. Há moldura humana. Se fosse em Maputo, imigrantes da África do Sul pagariam o que fosse preciso para marcar presença”.

A UE-CPLP tem protocolos com todas as ligas e federações, à exceção de Brasil e Angola. “Estamos a finalizar um projeto gigantesco com Timor-Leste que vai revolucionar o desporto e o futebol naquele país: a nível de infraestruturas”.

O projeto seguinte é criar uma “Liga da CPLP, uma CPLP do futebol”. Não é uma competição. Trata-se de “dar voz a todos os países e ganhar peso na FIFA”. Como? “Temos representatividade em todo o mundo. Temos a matéria prima para trabalhar e dois países com peso (Portugal e Brasil). É uma mistura explosiva. Individual temos pouco peso, em conjunto, teremos muita força na FIFA”, conclui.

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