“É necessária vontade política para resolver estes problemas. Se há casas devolutas e se há gente à espera, então que se olhe para os critérios de maneira a que nunca haja situações de casas à espera”, disse a também líder do CDS-PP.

Falando aos jornalistas após uma visita ao Bairro da Flamenga, onde vivem perto de 5.000 pessoas, na freguesia de Marvila, Assunção Cristas considerou que “uma coisa é ter uma reserva de casas para as situações de emergência que sempre ocorrem” e outra é o que ali se verifica.

“Aqui estamos a falar de casas que estão emparedadas, algumas há muitos anos, outras foram emparedadas ontem [segunda-feira], quando poderiam estar a ser atribuídas”, notou.

Em janeiro, Assunção Cristas estimou em 1.600 os fogos desocupados em bairros sociais municipais e defendeu mais transparência na atribuição das casas, durante uma visita ao Bairro Alfredo Bensaúde, local da sede da Gebalis, empresa municipal que gere os bairros municipais da capital.

Na altura, as críticas foram rejeitadas pela vereadora da Habitação na Câmara de Lisboa, Paula Marques, para quem “a acusação de falta de transparência é infundada”.

“Queria deixar claro que a Câmara de Lisboa tem regras públicas vertidas em regulamento de atribuição de habitação, e que só esta forma por concurso público é que garante equidade a todos os cidadãos e cidadãs que necessitem de habitação”, sublinhou Paula Marques.

Hoje, Assunção Cristas afirmou também já ter ouvido a “explicação de que as pessoas não querem" ir morar para ali.

“Se calhar, não querem vir para aqui de outros lados, mas há pessoas aqui a viver em casas sobrelotadas [em que dormem várias pessoas da família no mesmo quarto] que gostariam de poder ir para a casa do lado. Se uns não querem, e até podem ter mais pontos, que passe para aqueles que querem vir para aqui”, sugeriu a centrista.

Para Assunção Cristas, “não é admissível que, com tanta gente a precisar de casas, com tanta gente a viver em condições que não são dignas, […] que ao lado haja uma casa com quatro quartos fechada há 10 anos”.

“Isto é escandaloso e eu não pararei de denunciar”, vincou, assegurando que, caso seja eleita, esta será uma prioridade do seu mandato.

Na sua ótica, o atual presidente, Fernando Medina (PS), e a empresa municipal Gebalis têm outras prioridades, que passam por “emparedar casas para evitar ocupações abusivas”.

“Obviamente, que ninguém quer ocupações abusivas, nem os moradores querem porque sabem que depois ficam numa situação muito vulnerável e de muito medo porque são postos na rua, […] mas querem poder aceder a casas que estão devolutas”, vincou.

Segundo Assunção Cristas, “isto não é admissível na Lisboa do século XXI, na Lisboa cheia de turistas”.

As eleições autárquicas estão agendadas para 1 de outubro.