Para que é a Constituinte?

É a única saída imediata que temos para resolver os problemas entre venezuelanos, garantir a paz e derrotar a violência. Diante das balas e do ódio, votos. A nova Constituição será submetida a referendo, é aí estará a sua legitimidade.

A oposição diz que instaurará uma ditadura comunista. O que tem a dizer sobre isto?

Uma Constituinte não pode reverter os direitos que já estão na nossa Constituição. Pelo contrário, é para o progresso dos direitos.

Vai existir uma caça às bruxas?

Não se trata de perseguir pessoas, mas sim o delito. Uma das propostas que levarei à Constituinte é transferir a titularidade da ação penal do Ministério Público à vítima.

A direita substituiu a ação política pela ação criminal. Nunca vimos a direita condenar de cada vez que lincham ou queimam viva uma pessoa (...) por ser chavista.

A maioria destes dirigentes têm imunidade parlamentar, mas assumiram-na como uma espécie de licença para ser delinquentes.

Estamos a poucas horas de que uma maioria política se pronuncie a favor da paz (...). A oposição verá se atende a mensagem do povo ou o mandato de Washington.

Esta maioria incluirá setores da oposição?

Absolutamente. A maioria não quer a guerra.

O Parlamento será dissolvido?

O que está planeado é a convivência, deve existir um processo de coexistência. O que não pode acontecer é que os poderes constituídos desconheçam as decisões tomadas na Constituinte.

Chegaremos (ao Palácio Legislativo) com o nosso retrato do Libertador Simón Bolívar e do comandante Hugo Chávez. Já em 1999 funcionaram ambos no mesmo edifício.

A posição dos Estados Unidos é agressiva em todo o mundo.

O que acontecerá com a Procuradoria?

A justiça está em dívida com os postulados de igualdade da revolução, porque deve ser imparcial, não deve ter peso político. Este equilíbrio foi rompido e por isto vamos à construção de um verdadeiro estado de direito.

Alguns países dizem que não reconhecerão a Constituinte. Diminui a legitimidade?

Parece-me ridículo ver expressões desta natureza. A posição dos Estados Unidos é agressiva em todo o mundo. A Venezuela levantou a voz e por cauda disso o seu modelo é considerado uma ameaça.

O presidente Maduro não tem tréguas nem por um dia, mas se não fosse pelo chavismo a Venezuela estaria numa outra conjuntura.

 

Sente-se uma figura poderosa do chavismo?

Não se trata de poder, mas de fidelidade a um projeto histórico.

O chavismo está debilitado?

Não, o chavismo é força viva. Caso contrário, não teríamos resistido a sanções, agressões mediáticas, económicas, bloqueios financeiros. Não estaríamos aqui. O presidente Maduro não tem tréguas nem por um dia, mas se não fosse pelo chavismo a Venezuela estaria numa outra conjuntura.

A Constituinte ajudará o diálogo?

Quando a direita ganhou o Parlamento em 2015 deu-se um desequilíbrio profundo, porque uma de suas primeiras ações foi desconhecer o chavismo. Este desequilíbrio vai ser reparado na Constituinte.

Maduro revelou diálogos com a oposição. Por que é que não prosperaram?

O principal problema da Venezuela é a falta de uma liderança unificada na oposição para alcançar qualquer tipo de acordo, está profundamente dividida.

Mas vamos persistir, a única via é o diálogo. A Constituinte não é para aniquilar o adversário, é para o reconhecimento, a convivência e o diálogo.

Que inconfidência cometeu o ex-chefe de Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero?

A oposição havia pedido reserva absoluta deste processo de conversações. O papel dos acompanhantes deve recair no respeito da soberania. Houve uma espécie de deslize quanto a este papel. Mas quero agradecer o papel do presidente Rodríguez Zapatero em prol da paz.

Para a paz, tudo; para a guerra, nada.

O trabalho continuará?

Sem dúvida, é um homem de paz.

O diálogo será para negociar a saída do chavismo?

Jamais, nós nunca vamos trair nosso projeto histórico, jamais vamos entregar as bandeiras. Estamos dispostos ao entendimento mediante o diálogo. Para a paz, tudo; para a guerra, nada. O chavismo não enfrenta a direita venezuelana, mas os poderes mundiais, dos quais esta direita é um instrumento.

Por: Alexander Rodriguez /AFP

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.