"Temos vindo a fazer a compilação dos dados que os nossos delegados de lista nos têm remetido, das atas síntese que obtiveram das assembleias de voto a nível de todo o país. E, numa altura em que temos escrutinado acima de cinco milhões de eleitores, o MPLA pode garantir que tem a maioria qualificada assegurada", disse.

"Por isso, é com tranquilidade que podemos assegurar que o futuro Presidente da República será o camarada João Manuel Gonçalves Lourenço e o futuro vice-Presidente da República será o camarada Bornito de Sousa Baltazar Diogo”, disse o mesmo responsável do partido.

Os resultados oficiais ainda não são conhecidos. A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola previa ontem ter os resultados provisórios 24 horas após o encerramento das urnas - às 18:00 horas de dia 23 (mesma hora em Lisboa).

A informação foi transmitida hoje, cerca das 11:50, na sede nacional do MPLA, em Luanda, pelo secretário do Bureau Político, para as questões políticas e eleitorais, João Martins, em declarações aos jornalistas.

Este anúncio é feito numa altura em que decorre o escrutínio das 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, e quando a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), no seu último pronunciamento, durante a madrugada, não avançou resultados provisórios nem prazos para o efeito.

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Na sede do MPLA, no centro de Luanda, está reunido desde quarta-feira à noite o chamado "estado maior" da campanha eleitoral do partido que governa Angola desde 1975, tendo João Martins reconhecido a necessidade de passar uma mensagem de tranquilidade aos apoiantes.

"Nós constatamos essa necessidade. É por demais a pressão, quer da comunicação social, quer da nossa massa militante, de todos os que apostaram no nosso projeto, na proposta do MPLA, no nosso candidato, e tínhamos necessidade de os tranquilizar de que o MPLA tem assegurada a maioria qualificada", assegurou, recordando que os "dados oficiais serão aqueles que serão publicados pela CNE, quando anunciar os resultados definitivos" das eleições.

Vitória "inequívoca", vitória "assegurada"

Logo às 20:00 de ontem, na página do partido na rede social Twitter, era anunciado o "o sucessor escolhido pelo povo", com uma fotografia de João Lourenço, o cabeça de lista do partido de José Eduardo dos Santos, a exercer o seu direito de voto.

Mais tarde, o secretário do Bureau Político do MPLA para as questões políticas e eleitorais, João Martins, anunciava aos jornalistas que a vitória daquele partido nas eleições gerais desta quarta-feira, é "inequívoca, praticamente incontornável".

"A vitória do MPLA é inequívoca, praticamente incontornável, e ela está-se a consolidar em termos numéricos e acreditamos que nas próximas horas já podemos começar a anunciar os números que são ansiados pelos cidadãos", disse João Martins, na mesma declaração, logo após o cabeça de lista e vice-presidente do partido, João Lourenço, ter abandonado a sede do partido.

Resultados provisórios oficiais devem chegar nas próximas horas

Os resultados anunciados pelo MPLA surgem à margem da contagem oficial da Comissão Nacional Eleitoral de Angola, que informou na noite de ontem que está a decorrer a contagem nas mesas de voto das eleições gerais de quarta-feira, processo que permitirá a elaboração das atas de operações eleitorais e síntese do processo de votação.

Em conferência de imprensa, a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, avançou que a contagem dos votos é feita nas mesas de voto e posteriormente elaboradas as atas, que são igualmente entregues aos delegados de lista das forças políticas concorrentes presentes mesas de voto.

Segundo Júlia Ferreira, as atas são entregues às comissões municipais eleitorais e posteriormente remetidas às comissões provinciais eleitorais, para efeitos de apuramento provincial.

Relativamente à ata síntese da assembleia de voto, a responsável deu a indicação de que "tão logo seja enviada para os centros de escrutínio provinciais e para o centro de escrutínio nacional, a CNE estará em condições de passar a divulgar os resultados provisórios, que são feitos com base na ata síntese das assembleias de voto".

Júlia Ferreira disse que a CNE vai reunir o seu plenário, para fazer um balanço daquilo que foi o ato eleitoral realizado quarta-feira em Angola.

Num balanço sobre o ato eleitoral em si, a porta-voz do órgão eleitoral afirmou que "o ato eleitoral correu sob feição", destacando o "papel cívico, ordeiro, de respeito pela legalidade, pelas instituições angolanas", assumidos pelos eleitores angolanos.

"E parece-nos, sem qualquer dúvida inquestionável, que estamos em condições de dizer que o ato eleitoral correu sob feição", atestou.

A votação decorreu entre as 07:00 e as 18:00 de quarta-feira, em todo o país, e a CNE indicou que deverá anunciar nas próximas horas os resultados preliminares da eleição.

Mais de 9,3 milhões de angolanos estavam inscritos para escolherem, entre seis candidatos, o sucessor de José Eduardo dos Santos - que não integrou qualquer lista candidata -, com a votação a decorrer até às 18:00.

Estas são as quartas eleições gerais da história angolana desde a independência, em 1975. Concorreram o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), desde sempre no poder, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), o Partido de Renovação Social (PRS), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a Aliança Patriótica Nacional (APN).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.

UNITA contesta o anúncio

O vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, contestou hoje o anúncio de vitória do MPLA nas eleições gerais angolanas, exortando a Comissão Nacional Eleitoral "a ter a coragem de divulgar os resultados provisórios reais" que vão chegando aos partidos.

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"Não sei de onde o MPLA está a tirar este resultado. Nós estamos a falar daquele que é o resultado real, e que estamos à espera que a CNE tenha coragem de divulgar. Não sabemos porque não o fez até agora", disse à agência Lusa Raúl Danda.

A UNITA diz que os resultados que lhe estão a chegar contradizem o anúncio da MPLA.

"O resultado que nos está a chegar das mesas e das atas-síntese das assembleias de voto, que devem estar afixadas, contradizem completamente isso que o MPLA está a tentar dizer", sublinhou o vice-presidente da formação do galo negro, Raúl Danda.

"Não é só o MPLA que está a fazer contagem. A UNITA também se preparou para fazer contagem e estamos a fazê-lo com base nas atas, nas contagens feitas nas assembleias de voto", salientou.