As eleições decorrem num momento em que a oposição está amplamente dividida, depois de, nas regionais de 15 de outubro, o Partido Socialista Unido da Venezuela ter obtido 18 dos 23 governos regionais do país, resultados que a oposição insiste que não correspondem à realidade para além de denunciar manipulação de atas eleitorais, nomeadamente no Estado de Bolívar.

A televisão estatal cobriu amplamente a campanha dos candidatos do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), enquanto a oposição insistia em denunciar o uso dos recursos públicos com fins políticos, acusava o Conselho Nacional Eleitoral de parcialidade e dividia-se entre a defesa de participação nas urnas e a abstenção eleitoral.

Essa dualidade de apelos ao eleitorado levou a uma reduzida participação de membros da oposição como candidatos. a Muitos candidatos foram acusados por alguns partidos de estarem a “legitimar” o regime e, até, de “traição”, como é o caso do ex-governador de Zúlia, Manuel Rosales, que regressou ao país depois de se ter “refugiado” no estrangeiro, esteve preso por suspeita de corrupção e foi ilibado por um tribunal venezuelano.

Com uma campanha centrada nas redes sociais, a oposição viu cair a sua credibilidade ao ser acusada de estar a efetuar negociações às escondidas com o regime e de não ter sabido impor-se perante as irregularidades das regionais, quando mais de sete milhões de venezuelanos participaram no plebiscito de julho último, contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte e para exigir a realização de eleições presidenciais antecipadas no país, que deveriam ocorrer em 2018.

Por outro lado, o chavismo tem visto também afetada a sua credibilidade, na sequência de escândalos de corrupção que envolvem altos dirigentes da empresa petrolífera estatal e por “recados”, através do Twitter, entre alguns dos seus líderes, o que tem revelado a existência de lutas e divisões internas que os políticos do regime têm tentado negar.

As tensões políticas e a crise económica transformaram aquilo que seriam umas simples eleições municipais num ingrediente chave para demonstrar que o regime conta com um importante apoio popular. Não obstante as críticas da população que diariamente se debate com a escassez de alguns alimentos e medicamentos, a alta insegurança, com a subida diária dos preços, num país em que a inflação, segundo o Parlamento (onde a oposição detém a maioria), deverá rondar os 2000 por cento até final do ano.

O chavismo enfrenta ainda a falta de divisas (moeda estrangeira) para as importações, devido à queda, desde 2014, dos preços do barril de petróleo, a principal fonte de receitas do país, as quais são usadas, em grande parte, para financiar programas de assistência social, entre eles a venda subsidiada de bolsas com alimentos, nos bairros populares.

Nas eleições de domingo, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, podem participar 19.740.846 eleitores venezuelanos e 226.285 estrangeiros radicados no país, número pequeno, comparado com os milhões de portugueses, espanhóis, italianos, colombianos, peruanos, entre outros, que vivem no país, muitos dos quais possuem também dupla nacionalidade.

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