As palavras são de Jean-Luc Gobelin, um advogado de 65 anos, que, esta manhã, assistiu, no Quai des Célestins, uma das avenidas que ladeia o rio Sena, à passagem de cerca de 17.000 corredores da prova “10 quilómetros l’Equipe”.
“Vai haver uma vaga Macron como houve uma vaga rosa em 1981. Uma vaga ou um tsunami Macron, se bem que pareça mais um tsunami. A questão é saber quanto tempo vai durar. Eu admiro o Presidente, mas prefiro votar nos Republicanos porque os candidatos com a etiqueta ‘Em Marcha’ apareceram do nada e não têm experiência”, afirmou.
A corrida eleitoral já começou, mas para Frédéric Dauré, esta manhã a corrida era outra: teve dez quilómetros e durou cerca de uma hora e meia.
Por isso, não estava com pressa em ir votar, devido a “alguma indecisão”.
“Estou um pouco indeciso entre ‘Em Marcha’, Republicanos ou votar em branco. Mas, quando se elege um Presidente, tem que se lhe dar uma oportunidade e dar-lhe uma maioria na assembleia. O que me faz hesitar é que os candidatos ‘Em Marcha’ têm pouca experiência política”, afirmou o funcionário público de 38 anos.
De medalha de participação ao peito e uma faixa com o número 6797, Alain Manesson também deixou o voto para a tarde, porque a prioridade era correr.
“É importante eleger as pessoas que nos vão representar na Assembleia. Temos um Governo de união nacional, apoio o Presidente, mas vou votar nos Republicanos até porque no Governo já há representantes da direita”, afirmou o engenheiro aeronáutico de 40 anos.
A ver a passagem dos atletas, com os amigos, antes de participar numa outra corrida, no próximo fim de semana, estava Corentin Pucourt, de 31 anos, que vai votar, esta tarde, no candidato apoiado pelo movimento ‘A República em Marcha!’ de Emmanuel Macron.
“É uma lufada de ar fresco de juventude. O Macron soube falar à nossa geração e está na moda. Nós gostamos de estar na moda. Se ele não tiver o apoio dos deputados, então não vale a pena ser Presidente, se não tiver a maioria absoluta não valeu de nada o voto nas presidenciais”, considerou.
Ao lado, Paul Albert, de 28 anos, também vai votar no candidato “da maioria presidencial”, ainda que, tradicionalmente, vote “mais na direita liberal”.
“Nas presidenciais votei em François Fillon, mas hoje não vejo o interesse em ter uma oposição republicana demasiado forte. Mais vale dar meios ao Governo para fazer as coisas. Não acredito que o Macron vá revolucionar a política, mas tem uma visão da sociedade moderna e está mais ancorado no mundo real, com uma frescura estilo Trudeau [primeiro-ministro do Canadá]”, considerou.
Várias sondagens publicadas ao longo da semana davam a vitória com maioria absoluta ao movimento ‘A República em Marcha!’, sendo necessários 289 assentos parlamentares em 577 para conquistar essa maioria.
Cerca de 47 milhões de eleitores são chamados a votar para eleger 577 deputados para a Assembleia francesa. Caso não haja candidatos com mais de 50% dos votos nesta primeira volta, aqueles que tiverem, pelo menos, 12,5% dos votos dos eleitores inscritos passam à segunda volta, marcada para 18 de junho.
As urnas abriram hoje às 08:00 (07:00 em Lisboa), e encerram às 20 horas nas grandes cidades, como Paris, Lyon, Toulouse, Marselha e Lille (19:00 em Lisboa), fechando duas hora mais cedo nas outras.
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