O juiz instrutor do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a detenção de Joesley Batista, um dos donos da multinacional JBS, autor das denúncias que levaram a uma investigação a Temer por corrupção, depois de ter sido descoberto que tinha omitido informações.

Pouco depois de ter sido informado da decisão, o empresário apresentou-se voluntariamente na sede da polícia federal em São Paulo, com Ricardo Saud, outro executivo da JBS, cuja detenção também tinha sido ordenada.

A decisão do STF surge após o procurador-geral do Brasil, Rodrigo Janot, ter pedido, na sexta-feira, prisão preventiva para Joesley Batista, para o ex-procurador Marcelo Miller e Ricardo Saud, mas o juiz instrutor Luiz Edson Fachin recusou o pedido quanto ao ex-procurador.

Na origem desta decisão está uma gravação áudio com quatro horas de duração em que Batista e Saud revelam ter “omitido” informação nos seus testemunhos, o que obrigou Janot a abrir uma investigação que pode revogar a imunidade que os dois obtiveram quando confessaram atos ilícitos.

Na gravação são também feitas “referências indevidas” a juízes do Supremo e à Procuradoria.

Essas referências envolvem Marcelo Miller, antigo colaborador de Janot, que deixou a Procuradoria no final do ano passado para trabalhar num escritório de advocacia que acabou por ser contratado pela empresa JBS para negociar o acordo de colaboração da empresa com a Justiça. No áudio, é sugerido que Miller foi “captado” pelos empresários para facilitar o acordo que os livrou da prisão.

Os executivos da JBS declararam às autoridades que subornaram Temer desde 2010 e apresentaram uma gravação comprometedora em que o atual chefe de Estado ouve e parece concordar com outras atividades ilícitas relatadas na conversa.

Com base nestes testemunhos, a Procuradoria apresentou uma denúncia contra o presidente, em junho, por corrupção passiva, mas esta seria arquivada em agosto pela câmara baixa, o que impediu a abertura de um processo penal contra o governante.