Ressalvando que não pretende “interferir na área própria de um Estado de direito”, o líder da delegação do PS ao Parlamento Europeu, Carlos Zorrinho, considerou “fundamental encontrar uma solução política para o problema, para que os catalães exprimam que tipo de autonomia querem”, e defendeu que as duas partes perderam a razão no último domingo.

“A partir dos acontecimentos de 1 de outubro, os dois lados perderam a razão. Um lado perdeu porque criou um estado de exceção ao convocar um referendo sem ter um quadro legal que o habilitasse a isso; o outro lado, ao exercer uma repressão inadequada perante a expressão de posições na Catalunha. Perderam ambos a razão. Não se responde a um estado de exceção com um estado de exceção”, declarou.

O deputado admitiu que a UE recebeu com “um certo espanto aquilo que aconteceu” no domingo, e, embora se manifeste otimista de que em breve será encontrada uma solução política, afirmou que “se as coisas não se encaminharem, a UE não pode continuar a assistir da bancada”.

“Não podemos ser os grandes defensores dos direitos em todo o mundo e não sermos mediadores quando há um problema interno”, disse.

Também o líder da delegação do PSD ao PE, Paulo Rangel, considerou que “houve incidentes lamentáveis”, salientando que “poderia haver outras formas de tratar este assunto”, e responsabilizou ambas as partes.

“Parece que houve uma vontade de provocar uma atitude desproporcionada, houve atitude de desafio, de provocação” das forças da ordem, adiantou, fazendo um paralelismo com manifestações contra as reuniões do G20 ou do G7.

“Houve um desafio muito importante ao Estado de direito democrático, mas é evidente que o referendo é ilegal”, disse.

Uma solução possível para a Espanha, a longo prazo, poderá ser, no entender de Rangel, o “avançar para um Estado federal – que já é na prática, mas tem de o reconhecer”.

“A solução tem de ser política, muita gente não deseja quebrar este laço histórico”, observou.

Já a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, considerou que “a opressão autoritária do Estado espanhol é inaceitável”, acrescentando esperar “que haja uma posição clara da União Europeia a esse respeito”.

“Independentemente das opiniões pessoais, o BE é a favor de que os povos têm direito a decidir o seu futuro”, sublinhou.

Para Marisa Matias, a questão de fundo no debate sobre a Catalunha é “estar a tentar confundir-se o direito à autodeterminação com a legalidade”, acrescentou à Lusa.

Também o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes defendeu que,” numa questão que é acima de tudo espanhola, muito complexa, com raízes históricas ainda ligadas ao franquismo”, há sobretudo que “respeitar a vontade do povo catalão, seja ela qual for”.

“As soluções têm de ser encontradas no quadro político e jamais no recurso à coação e à repressão”, disse, observando que “as imagens de domingo”, que se seguiram a “ações repressivas do Estado espanhol ao longo das últimas duas semanas”, são “absolutamente inaceitáveis e não podem ser toleradas num Estado de direito”.

Para o deputado, “têm que ser criadas as condições para se sair desta abordagem repressiva e violenta e para criar uma dinâmica de diálogo e que permita encontrar solução politica que reflita aquilo que é a vontade do povo catalão”.

O Parlamento Europeu vai realizar um debate de urgência hoje à tarde sobre a situação na Catalunha, anunciou na segunda-feira o presidente desta instituição, Antonio Tajani.

Os eurodeputados decidiram adicionar à ordem de trabalhos um debate consagrado à situação na Catalunha, marcada pela violência policial contra cidadãos catalães que tentavam garantir o voto no referendo independentista, realizado este domingo na região, e que o Tribunal Constitucional espanhol proibiu.

A intervenção policial para impedir a realização do referendo sobre a independência da Catalunha no domingo fez 893 feridos, mas apesar da repressão, 42% dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar, e 90% deles votaram a favor da independência, segundo o governo regional da Catalunha (Generalitat).

A consulta popular foi agendada pela Generalitat, dominada pelos separatistas, tendo o Estado espanhol, nomeadamente o Tribunal Constitucional, declarado que a consulta era ilegal.

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