“Estamos satisfeitos. Creio que serviu para clarificar as coisas”, afirmou Ollanta Humala, aos jornalistas, à saída da procuradoria, indicando que ele e a mulher, Nadine Heredia, são “os principais interessados” em ver as alegações esclarecidas.

O antigo chefe de Estado indicou que, durante o interrogatório, a cargo do procurador Germán Juárez, foi inquirido sobre as supostas contribuições que foram reveladas pelo brasileiro Marcelo Odebrecht e pelo seu representante no Peru Jorge Barata.

“Questionaram-me sobre temas do partido, contribuições da campanha de 2006, 2011. Foram assuntos diversos sobre o meu património, etc.”, assinalou.

Humala disse que não vai facultar mais pormenores, por a investigação estar em curso, mas reafirmou que não recebeu os três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) que a construtora Odebrecht assegura ter dado para financiar as campanhas eleitorais.

“Tenho que assinalar que nós reafirmámos que nunca recebemos esses três milhões. Nós levámos a cabo uma campanha de forma correta, cumprindo a lei”, disse.

A Odebrecht admitiu, diante da justiça dos Estados Unidos, que distribuiu no Peru 29 milhões de dólares em subornos a funcionários para conquistar a adjudicação de contratos de obras públicas entre 2005 e 2014, um período que compreende os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

A justiça peruana iniciou processos contra Humala e Toledo, enquanto prosseguem investigações preliminares contra García.

Humala também anunciou que vai recorrer junto do Supremo da decisão tomada, no dia anterior, por um tribunal que lhe indeferiu o recurso que interpôs com a mulher, para excluir quatro agendas com contabilidade do Partido Nacionalista, que foram supostamente roubadas da sua residência, de uma investigação por alegada lavagem de dinheiro.

Essas quatro agendas também fazem parte da investigação que o procurador Germán Juárez analisa por causa dos fundos recebidos pelo Partido Nacionalista para as campanhas de 2006 e 2011.

“Se te roubam um documento da tua casa e isso não é prova proibida, então de quê que estamos a falar?”, questionou Humala.