“Estamos apenas a visar criminosos em torno dele [Robert Mugabe] que cometem crimes que estão a causar sofrimento económico e social no país, de modo a levá-los à justiça”, afirmou o exército através dos ‘media’ estatais.

O major-general zimbabuano Sibusiso Moyo leu um comunicado em directo em que quis deixar claro que não se tratava "de um golpe de Estado militar" e que o Presidente Robert Mugabe e a sua família se encontram em segurança.

O anúncio feito às primeiras horas de hoje tem lugar depois de uma noite de agitação na capital, com soldados armados e veículos militares nas ruas da capital e o registo de pelo menos três explosões.

“Assim que tivermos cumprido a nossa missão, esperamos que a situação volte à normalidade”, diz o comunicado militar.

A detenção de Mugabe, e a sua segurança assim como da sua família, é confirmada pelo partido no poder, o ZANU-PF, no Twitter. Numa publicação dessa rede social o partido anuncia que: “Hoje começa uma nova era e o camarada Mnangagwa [vice-presidente demitido por Mugabe na semana] ajudar-nos-á a alcançar um Zimbabué melhor”.

O Zimbabué vive pela primeira vez uma divergência aberta entre o Presidente, que dirige o país desde 1980, e o exército.

A tensão escalou na semana passada depois de Mugabe, de 93 anos, ter despedido o seu vice-presidente e aliado de longa data, Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, que tinha estreitas ligações com os militares.

Na segunda-feira, o chefe das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga, condenou a demissão do vice-presidente do país, e avisou que o exército poderia “intervir” se não acabasse a “purga” dentro do Zanu-PF, partido no poder desde a independência do Zimbabué, em 1980.

O partido Zanu-PF, de Mugabe, reagiu no dia seguinte ao aviso sem precedentes, acusando o chefe das Forças Armadas de “conduta de traição”, afirmando que as críticas do general Constantino Chiwenga destinavam-se “claramente” a perturbar a paz nacional e demonstraram uma conduta de traição, “já que foram feitas para incitar à sublevação”.

Mnangagwa há muito considerado o delfim do Presidente, foi humilhado e demitido das suas funções e fugiu do país após um braço-de-ferro com a primeira-dama, Grace Mugabe.

Figura controversa conhecida pelos seus ataques de cólera e dirigente do braço feminino do partido do marido, Grace Mugabe, de 52 anos, tem muitos opositores tanto no partido como no Governo.

Com este afastamento, fica na posição ideal para suceder ao marido, que, apesar da idade avançada e da saúde frágil, foi nomeado pela Zanu-PF como candidato às eleições presidenciais de 2018.

[Notícia atualizada às 08h04]