“As pessoas dizem que o que mais as irrita no Porto é o trânsito, sobretudo na VCI. Parece que isto não tem solução, mas claro que tem. A Junta Metropolitana foi criada com uma suposta entidade de transportes e, 20 anos depois, não temos o problema resolvido. Há solução mas não há uma entidade, que tem de ser metropolitana, para resolver”, alertou Poças Martins na primeira sessão “a OERN com…”, realizada com a Câmara do Porto.

O responsável indicou ainda o “desfasamento de horários” de trabalho como hipótese para solucionar dificuldades de trânsito nas hora de ponta, apontou soluções para as casas “muito frias e desconfortáveis” do Porto e observou que “dentro de pouco tempo” será possível “reaproveitar a água do duche que atualmente vai para os esgotos”, “reciclando água dentro de casa”.

O vice-presidente da Câmara do Porto e vereador do Ambiente, Filipe Araújo, sustentou que a cidade tem, “pelas suas características, dimensão e habitantes, condições para ser um laboratório para implementar soluções de futuro”.

Para Filipe Araújo uma das alterações que é preciso “perspetivar” é “começar a ver” as cidades “como produtoras e armazenadoras de energia”.

Já Poças Martins notou que o trânsito no Porto “é um problema de âmbito metropolitano” e “a partir do momento que haja alguém responsável para o resolver”, ele vai resolver-se.

“Pode haver excelentes ideias técnicas, mas é fundamental existirem decisões políticas. Por isso temos problemas de décadas que aceitamos quase como fatalidades”, avisou.

Poças Martins lembrou que a OERN “começou há cerca de dois anos a discutir problemas chatos, que não largam” a região, envolvendo técnicos e responsáveis políticos, tendo concluído pela “carência de decisão política para resolver alguns problemas”, como é o caso do trânsito.

Para o responsável, neste domínio, o problema do Porto reside nas horas de ponta.

“Eventualmente podíamos criar algum tipo de portagem de acesso ao centro da cidade em algumas horas, mas isso seria uma última medida. Existe outra bem mais simples: porque não diferenciar horários?”, questionou o responsável.

Poças Martins admitiu que a VCI ficaria menos congestionada retirando as portagens da CREP (Circular Regional Exterior do Porto), mas criticou que “continuem a existir autocarros vindos de outros concelhos para o centro do Porto, mesmo havendo metro”.

O presidente da OERN entende que deviam ser criados mais parques de estacionamento, tanto para autocarros como para carros, junto a estações de metro.

Quanto às pontes entre Porto e Gaia, Poças Martins considera faltarem “travessias à cota baixa” e apelou à resolução do problema do atravessamento pedonal no tabuleiro inferior da ponte Luiz I.

“Às vezes, as ideias ótimas impedem ideias boas. Qualquer um de nós corre o risco de ser atropelado na ponte Luiz I. Se se quer fazer qualquer outra ponte, faça-se mas, entretanto, resolva-se aquele problema”, defendeu.

Ainda em relação ao Porto, o presidente da OERN alertou que criar edifícios [com a classificação energética] A+ “fica caríssimo e, porventura, é uma má solução”.

Para Poças Martins, a alternativa, que resolve o problema das casas que ficam frias “durante cerca de quatro meses” passa por “chamar um engenheiro para analisar cada caso concreto”.

“É barato chamar um engenheiro e fazê-lo poupa dinheiro, de facto”.