Um avião militar C-130 foi enviado pelo Estado para repatriar 68 portugueses, entre os quais 20 menores, além de um cidadão romeno e um brasileiro, numa viagem que começou esta quarta-feira à tarde na ilha de Guadalupe e terminou cerca das 20:00 no aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, depois de escalas em Belém (Brasil) e Sal (Cabo Verde).

Rui Costa, trabalhador da construção civil, vive há nove anos em ‘Saint-Barths’, e regressou agora com a mulher e os dois filhos, de dois e quatro anos.

“Não há condições para estarem lá os meus filhos. Há muita coisa a fazer lá, vão ter de reconstruir aquilo”, descreveu à Lusa, à chegada à capital portuguesa.

Este emigrante espera regressar àquela ilha nas Antilhas francesas, primeiro sozinho, provavelmente em janeiro.

“Quando estiver em condições, a gente volta para lá. Mas para já, tenho de deixar os meus filhos em segurança”, disse, descrevendo que a sua casa ficou intacta, mas “ficou tudo destruído à volta”.

No momento da chegada, a emoção dominava muitos portugueses, que se mostravam muito impressionados com o impacto do furacão, que devastou a região no final da semana passada.

Com uma bandeira portuguesa amarrada às costas, um dos emigrantes apenas disse, quando questionado sobre a experiência: “Não há palavras”.

“Não há mesmo condições” para viver lá, comentou apenas.

Nelson Morais, de 34 anos, estava em ‘Saint-Barths’ há quatro meses, num projeto ligado ao turismo, mas preferiu regressar a Portugal, depois do que disse ser “uma experiência traumatizante”.

“Senti medo, que eu não consigo explicar, terror, pânico. Na altura, consegui controlar-me um bocado, mas agora… Tenho de seguir em frente”, narrou à Lusa.

O emigrante comentou que, na ilha, “as necessidades são as mais básicas”.

“Tenho pena, era uma ilha magnífica e ficou completamente destruída”, descreveu.

Nelson Morais não afasta a possibilidade de regressar, mas para já não sente que tenha condições para isso.

“Eu não digo nunca. Ao vir-me embora, fico com um sentimento de dívida para com aquelas pessoas. Se isto me passar, penso que poderei voltar”, comentou.

Vera Mendes, de 36 anos, regressou agora a Portugal com os filhos de três e oito anos, por falta de condições para as crianças, mas tem a certeza que vai voltar.

Sobre a passagem do Irma, a portuguesa confessa que não consegue reconstituir a experiência.

“Eu não me recordo, tenho ‘flashes’ de momentos que passámos. Não consigo descrever cronologicamente a sucessão dos factos”, disse à Lusa, sublinhando estar “acima de tudo, muito grata”, por a sua família e os vizinhos terem sobrevivido.

A emigrante disse esperar que, numa região onde os furacões são frequentes, a ilha de Saint-Martin “possa melhorar as suas infraestruturas, para que um pós-furacão não seja tão gravoso como este vai ser”.

Os cidadãos nacionais foram recebidos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pelo secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, à chegada a Lisboa, pelas 19:55.

Segundo a contagem da agência Associated Press, o Irma fez 37 mortos nas Caraíbas, 13 na Florida, quatro na Carolina do Sul e dois na Geórgia, o que perfaz um total provisório de 56 mortos.

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