A declaração escrita, de 11 páginas, foi divulgada hoje pela agência Associated Press e fornece pormenores sobre quatro contactos com entidades russas durante a campanha eleitoral de Donald Trump e durante a transição de presidências (depois da vitória eleitoral e antes da tomada de posse, em janeiro).

Kushner pretende ler esta declaração durante as reuniões à porta fechada, esta semana, com investigadores dos Comités de Informações Secretas (Intelligence) do Senado e da Câmara dos Representantes.

O consultor reúne-se com membros do Comité de Informações do Senado na segunda-feira e com legisladores do Comité da Câmara dos Representantes na terça-feira, no âmbito da investigação que ambos os painéis estão a fazer sobre as interferências da Rússia na campanha para as presidenciais norte-americanas de novembro de 2016, bem como possíveis ligações à campanha de Trump.

Kushner, que é genro de Trump (casado com sua filha Ivanka), diz que nenhum dos contactos com entidades russas foi impróprio. Também negou que a Rússia seja financiadora de qualquer negócio que tenha no setor privado.

“Não conspirei, nem conheço qualquer pessoa na campanha que tenha conspirado, com qualquer governo estrangeiro”, afirma Kushner na declaração.

O genro de Trump também aborda o encontro de junho de 2016 com uma advogada russo-americana, realçando que estava a ser uma “perda de tempo” tão grande que pediu à sua assistente que o chamasse dali para fora.

Vários e-mails divulgados este mês mostram que o filho do presidente Donald Trump Jr. aceitou este encontro na Torre Trump na suposição de que Kushner iria receber informação comprometedora sobre Hillary Clinton, a candidata democrata nas presidenciais.

Mas Kushner diz agora que não viu esses e-mails até há pouco tempo, quando os seus advogados lhos mostraram.

Kushner sublinha que Trump Jr. o convidou para a reunião, mas que chegou atrasado e que, quando ouviu a advogada a falar sobre o tema de “adoções” (de crianças russas por parte de cidadãos norte-americanas), mandou um SMS à sua assistente para que esta arranjasse uma desculpa para ele sair da sala.

“Em nenhum momento da reunião em que estive presente se falou sobre a campanha. Que eu saiba não houve seguimento dessa reunião, não me recordo de quantas pessoas estavam na reunião (nem dos seus nomes) e não tenho conhecimento de quaisquer documentos oferecidos ou aceites”, salienta o genro de Trump.

Kushner também nega informações segundo as quais ele terá tentado acertar uma ligação clandestina com o embaixador russo nos Estados Unidos.

Admitiu ter falado com o embaixador, Sergey Kislyak, em dezembro na Torre Trump, mas afirmou que a conversa foi sobre a política na Síria.

Kushner disse que quando Kislyak lhe perguntou se haveria uma linha segura para enviar informação sobre a Síria – a partir dos seus “generais”, nas palavras de Kislyak – Kushner perguntou se poderia usar um canal de comunicação que já existisse na embaixada. Também disse que nunca propôs uma forma secreta de informação.

O genro de Trump confirmou ainda uma reunião com o banqueiro russo Sergey Gorkov, mas disse que foi a pedido de Kislyak. Não foram discutidas políticas específicas, afirma Kushner.

O Presidente Trump usou o Twitter ao longo do fim-de-semana para se defender e para atacar a investigação em curso.

“À medida que prossegue a falsa caça às bruxas russa, dois grupos estão-se a rir desta desculpa para uma eleição perdida: os Democratas e os Russos!”