O milionário George Soros contribuiu com 400 mil libras (cerca de 454 mil euros) para uma campanha com o objetivo de travar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia — o chamado Brexit.

A informação foi avançada pelo jornal britânico ‘The Telegraph’ e confirmada pelo líder do grupo Best For Britain (“o melhor para a Grã-Bretanha”), citado pela agência Reuters. “As fundações de George Soros fizeram, tal como um número de outros grandes doadores, contribuições significativas para o nosso trabalho”, disse Mark Malloch-Brown.

Malloch-Brown, um antigo diplomata britânico, acrescenta que “através das suas fundações”, Soros, considerado um dos maiores especuladores financeiros do mundo, entregou cerca de 454 mil euros para a campanha cujo objetivo é travar o processo de saída da União Europeia e repetir do referendo de 2016, que ditou a saída do Reino Unido do bloco europeu.

Em 2016, antes do referendo, o magnata, que fez fortuna ao apostar contra a libra em 1992, previa uma "sexta-feira negra" nos mercados mundiais caso o Brexit triunfasse, bem como o empobrecimento dos britânicos. "O valor da libra cairá de forma vertiginosa, pelo menos 15%", afirmou na altura, num artigo publicado no jornal The Guardian. "A ironia, neste caso, é que uma libra valeria aproximadamente um euro, uma forma de 'unir-se ao euro' que ninguém desejaria no Reino Unido", completou Soros.

Já no ano passado, o multimilionário e filantropo de dupla nacionalidade húngara e norte-americana disse que a Grã-Bretanha se estava a aproximar de um ponto de viragem, com um abrandamento tal da economia que o Brexit poderia mesmo vir a ser revertido.

Apesar disso, a saída do Reino Unido da UE continua prevista para 29 de março de 2019, mas os termos do "divórcio" estão ainda em discussão, sendo conhecido que o Governo já descartou a permanência no mercado interno.

O referendo sobre a presença do Reino Unido na UE, realizado em 23 de junho de 2016, registou 52% de votos a favor da retirada, contra 48% a defenderem a permanência.

No outro lado do continente europeu, George Soros tornou-se adversário de Viktor Orban, o primeiro-ministro húngaro, e de outros líderes da Europa Central e dos Balcãs, que o acusam de interferir nos assuntos dos seus países através das organizações que financia.

Soros, de família judia, nasceu na Hungria em 1930 e viveu a ocupação Nazi do país, entre 1944 e 1945. Para sobreviver, ele e a família usaram documentos falsos. Após o conflito, com os comunistas a segurar o poder no país, George Soros deixou Budapeste em 1947, indo para Londres, onde trabalhou na ferrovia e num clube noturno, para pagar os estudos na London School of Economics.

Em 1956 mudou-se para os Estados Unidos, onde deu os primeiros passos na finança. Em 1970 lançava um fundo de investimentos, tornando-se num dos homens mais ricos do planeta. Mais tarde, criou a rede de fundações Open Society Foundations.