A utilização destes pesticidas é diversa. Em ambientes urbanos são usados sobretudo no combate a insetos ou no controlo de parasitas em animais domésticos, refere o El País.

Não é novidade para a comunidade científica que a população de abelhas tem estado cada vez mais em declínio. Só nos Estados Unidos, no ano passado, cerca de 44% das abelhas desapareceram. Este número pode revelar-se catastrófico se tivermos em conta o papel determinante que estes animais têm no ecossistema enquanto elemento polinizador, importante para setores como a agricultura.

Apesar das causas deste declínio não serem claras, há quem aponte a existência de vírus, as alterações climáticas e os pesticidas agrícolas como as principais razões, ou mesmo uma combinação de todos estes fatores. O estudo publicado na revista Nature Communications veio agora revelar a presença de agentes químicos no pólen recolhido pelas abelhas.

A análise foi feita em várias colmeias situadas em três campos diferentes na região de Midwestern, nos Estados Unidos, uma área conhecida pela plantação de cereais, que abrange vários estados.Uma das colmeias situava-se junto a um campo não cultivado, outra num campo de milho que era tratado com pesticidas convencionais e outro que tinha acabado de ser cultivado e que tinha sido pulverizado com um pesticida neonicotóide, um dos mais usados no mundo, baseados em nicotina e que são inofensivos para os mamíferos, mas que estudos revelam que podem ser prejudiciais para as abelhas.

Os investigadores concluíram que, apesar de as abelhas se alimentarem em zonas de monocultivo, as mesmas transportavam pólen de 30 grandes famílias de plantas, muitas delas ornamentais, ou seja, o origem do pólen era longe desses campos. "É surpreendente a grande quantidade de pesticidas que temos encontrado nas amostras de pólen", afirmou Christian Krupke, um dos investigadores do estudo da Universidade de Purdue, no Indiana.

Os investigadores encontraram também uma grande variedade e quantidade de substâncias químicas presentes no pólen, que continha nove das classes principais de químicos, onde se inclui o neonicotóide, como esperado pelos cientistas.

No entanto, o mais surpreendente não foi a presença deste pesticida nas amostras recolhidas mas sim a presença de um pesticida pertencente à classe dos piretroides, o mais comum no combate a moscas e mosquitos ou para proteger as plantas de pulgões e outros insetos. Este tipo de inseticida também é muito usado pelas autoridades locais em parques públicos, no verão, para proteger a população dos mosquitos.

“Os produtos químicos agrícolas são apenas uma parte do problema”, concluiu Christian Krupke.