As medidas das autoridades de Hamburgo abrangem não apenas o café em cápsulas, mas outros produtos alimentares considerados 'poluentes ou com componentes poluentes', com referência explícita às bebidas que sejam vendidas em embalagens de porção individual. Um em cada oito cafés vendidos na Alemanha são deste tipo. "Estas embalagens individuais são um consumo de recursos e fonte de resíduos desnecessário e contêm alumínio, que é poluente", diz o guia criado pelas autoridades de Hamburgo. 

A complexidade da embalagem, que mistura diferentes materiais e conserva, depois do uso, restos de matéria orgânica, torna a sua reciclagem difícil nos centros de reciclagem tradicionais. A Nestlé - que lançou a máquina Nespresso há 30 anos - promove a sua própria recolha e tratamento de cápsulas usadas, e já reagiu à decisão de Hamburgo, manifestando o seu empenho em usar métodos cada vez mais sustentáveis, mas alegando que o uso de cápsulas tem outras vantagens a nível ambiental.

As cápsulas originais, chamadas K-Cup, foram inventadas há 40 anos por John Sylvan que, numa entrevista à revista The Atlantic , em 2015, manifestou algum arrependimento pela sua criação. A patente de Sylvan expirou em 2012 e, desde então, várias marcas se lançaram na produção da sua própria versão da cápsula da discórdia.

Café em cápsulas: um mercado em crescimento

Em Portugal, o consumo de café de cápsula cresceu significaitivamente nos últimos anos - segundo um estudo do TGI, em 2013 havia máquinas com sistema de cápsulas em 43% dos lares portugueses que têm algum tipo de máquina de café - contra 31% em 2010. A crise fez aumentar o consumo do café em casa, e em particular do café em cápsula, registando-se uma quebra no uso das máquinas mais tradicionais de café expresso. Ross Colbert, um analista do Rabobank citado pela BBC, refere que, enquanto o mercado de café, em geral, está a crescer à taxa de 1,6% ao ano, a venda de cápsulas tem crescido 9% desde 2011.