A paragem da regata Volvo Ocean Race em Lisboa aproxima-se do fim. Ora, porque a vida nestes dias na Doca de Pedrouços, em Lisboa, tem sido ver barcos em ação no rio Tejo, a gastronomia que vem do mar entrou em cena no penúltimo dia, exatamente na véspera das sete equipas largarem da capital portuguesa rumo à cidade do Cabo, África do Sul, uma viagem com duração de mais de 20 dias.

Com uma mensagem assente no apelo ao consumo de produtos de pesca sustentável, a Direção-Geral de Política do Mar (DGPM) procurou mostrar que há mais peixe do que aquele que habitualmente cai nos pratos portugueses. Isto é, o pescado não se deve resumir à sardinha, atum ou salmão. Por duas razões. As duas primeiras espécies estão ameaçadas e a terceira é maioritariamente importada, logo responsável “pelo desequilibro para a nossa balança comercial”, explica Patrícia Borges, chef, professora e formadora na Docapesca.

Vestindo, por instantes, a “camisola” da DGPM, Patrícia Borges começa, então, por desvendar a razão de ser da pequena sessão de degustação realizada na sala de imprensa da Volvo Ocean Race: “É importante consumir espécies sustentáveis”, diz. Mas quais? “É o caso da cavala e do carapau”, continua. E porquê estes dois peixes? “Porque existem em grande quantidade e podem ser mais capturadas sem pôr em risco a sua reprodução natural”, finaliza.

créditos: Miguel Morgado | MadreMedia

Ora comer cavala e carapaus, dito assim, a seco, não parece convencer lá muita gente, sejamos honestos. Talvez por uma questão de educação (não à mesa, mas fora dela) estes produtos não são mais consumidos. “Os consumidores não procuram estas espécies”, reconhece.

Para inverter essa tendência e à boleia do Programa Operacional Mar 2020 há novos projetos em curso “para apresentar uma forma mais apelativa de consumir estes produtos”, sublinha.

Cavalas à solta e carapaus de corrida nos pratos nacionais. As novas propostas

Ora, chega de conversa teórica e mostremos a prática que saiu das mãos de quem sabe e está a promover. Os pratos são apelativos à vista. Têm o “seu quê” de Gourmet ou Nouvelle Cuisine. O que, nos nossos dias parece, por vezes, querer dizer quase tanto quanto o prazer em saboreá-los. Mas o desafio é ir além de comer com os olhos. É provar mesmo, abrir a boca e comer, criando uma (nova) rotina na dieta.

“Criámos pratos alternativos, estamos a dar novas ideias aos consumidores que os leve a consumir estas espécies de forma mais intensa”, anuncia a chef Patrícia Borges.

Passemos, então ao menu apresentado e degustado. “Temos um flat-brad (pão espalmado) com pasta de azeitona com cavala em conserva”, com a cavala a ter selo português da Conserveira do Sul. Há outra receita que se assemelha aos pratos que habitualmente vemos na cozinha asiática: “folha de arroz com queijo creme com cavala em conserva e fruta (no caso, o morango)”, descreve. “Recuperou-se uma prática da Nazaré e Peniche” que resulta nos “pastéis de carapau seco”, há ainda os “fantásticos” bolos com tártaro de carapau e os tacos com guacamole (pasta verde típica da gastronomia mexicana) com carapau em conserva. Para fim, Patrícia Borges reserva um prato premiado no âmbito de um concurso promovido pela Docapesca, em 2015: o Famoso hambúrguer de cavala.

Ao todo, meia dúzia de pratos que valem mais do que aquilo que se vê e come. “São receitas saudáveis. Gorduras insaturadas, em que procuramos diminuir o valor calórico e muito Ómega 3 (na cavala)”, sintetiza. E, a cereja em cima do bolo que nos enche o ego. “É pescado nacional”, remata.

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