No testamento que deixou, Nelson Mandela pediu que a sua casa em Qunu, na África do Sul, fosse "usada por toda a vida pela sua família, para preservar a unidade do clã Mandela". Nesse mesmo documento, o Prémio Nobel da Paz não cita em parte alguma Winnie Madikizela-Mandela, a sua primeira mulher com quem esteve casado 40 anos, entre 1956 e 1996.

A decisão não foi bem acolhida por Winnie que afirma que a casa lhe pertencia, de acordo com a jurisprudência local, já que tinha sido ela a comprá-la em 1989, quando Nelson Mandela estava preso e o casal ainda estava casado. E daí ter decidido interpor um recurso ao que ficou estipulado pelo ex-marido em testamento.

O tribunal não concordou com a pretensão de Winnie Mandela. "Uma pessoa razoável (...) teria reivindicado o direito de propriedade antes da morte de Mandela. Esperar por ele morrer é extremamente prejudicial para (...) os seus herdeiros, já que a sua versão dos eventos não é plausível", considerou o juiz Jeremiah Shongwe.

Nelson Mandela, líder da luta contra o apartheid, passou 27 anos nas prisões do regime sul-africano antes de se tornar o primeiro presidente negro do país em 1994. Após a sua libertação da prisão, foi recebido como um herói pela sua mulher Winnie e por milhares de apoiantes.

Contudo, o casamento não duraria muito mais tempo após a libertação de Mandela. Incompatibilidade de feitios e o alegado discurso violento de Winnie afastaram o casal que acabou por se divorciar em 1996.

Nelson Mandela voltaria a casar-se, tendo como segunda mulher Graça Machel, que tinha sido casada como Samora Machel. Foi a ela, aos  filhos e netos, bem como colaboradores, escolas e seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC) que deixou a sua propriedade, não tendo contemplado Winnie no seu testamento. A decisão do tribunal garante que assim ficará.