O texto será entregue na quarta-feira "ou depois", precisou a líder centrista, que falava na sede do partido, em Lisboa, depois de uma reunião da Comissão Executiva dos democratas-cristãos.

De acordo com o regimento da Assembleia da República, a moção de censura ao Governo é obrigatoriamente debatida no terceiro dia útil após a entrega formal na mesa da assembleia.

Para a líder do CDS-PP, o Governo não esteve à altura das responsabilidades e "não chega aprovar medidas para o médio e longo prazo".

"O primeiro-ministro tem de mostrar que está à altura", disse Assunção Cristas, criticando a "total incapacidade de assumir responsabilidades, pedir desculpa, assumir indemnizações" da parte do Governo.

A presidente centrista declarou ainda que já informou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, sobre a intenção do CDS-PP de apresentar a moção de censura ao Governo.

"Estamos a dar voz a muitas pessoas que por todo o país se indignam com um primeiro-ministro e um Governo que não estão à altura das suas responsabilidades. A posição do CDS é esta, é muito clara: quem partilhar connosco desta visão, certamente estará do nosso lado", sublinhou a líder do partido.

Juventude Popular ao lado do partido

Na segunda-feira, Francisco Rodrigues dos Santos, presidente da Juventude Popular, numa publicação feita na rede social Facebook, já tinha pedido "coragem" para que se avançasse com uma moção de censura. "Haja coragem no parlamento para se avançar com uma moção de censura, sem tibiezas, mesmo sabendo que do outro lado está a preparar-se uma ignominiosa estratégia de vitimização", escreveu o jovem centrista.

Num pequeno texto que Francisco dos Santos começa por questionar o papel do Estado - De que nos vale o Estado?, escreve - o jovem político classifica de "vergonhoso e revoltante a indignidade das caricaturas de governantes que recusam assumir responsabilidades políticas pelos contornos dantescos desta hecatombe", referindo-se aos incêndios que assolaram o país nestes quatro meses.

"Hoje [segunda-feira], não foi só a Administração Interna que caiu de joelhos. Foi todo o Governo, que pela sua conivência e solidariedade comprometedoras já não estão aptos a restaurar a confiança no Estado, a liderar a reforma da floresta e da protecção civil e a avançar rapidamente com profissionalização de todo o efectivo de bombeiros. O povo desesperou sozinho, viu arder os bens e morreu isolado pelas chamas", escreveu o líder da Juventude Popular.

Já no dia de hoje, Francisco Rodrigues dos Santos, também através da sua página pessoa de Facebook, deu conta de que a Comissão Política Nacional da Juventude Popular "deliberou por unanimidade propor uma moção de censura ao Governo", como o próprio já havia defendido.

A juventude centrista diz mesmo que "não resta a este Governo senão a hipótese de sair pelo próprio pé e dar lugar a quem saiba estar à altura das insignes funções de dar razão à existência do Estado. Caso não o faça, a Juventude Popular apela a que se avance imediatamente e sem tibiezas (...) com uma moção de Censura a este Governo, a bem de Portugal e dos portugueses".

As centenas de incêndios que deflagraram, no domingo, no Norte e Centro de Portugal, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram pelo menos 37 mortos e 71 de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, na primavera, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos.

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