Nas últimas horas foram partilhadas nas redes sociais várias publicações que davam conta de que em algumas localidades do concelho de Arganil - Anceriz, Barril do Alva, Pomares, Corgas, Avô, Agroal, Pomares, Foz da Moura, Barrigueiro, Sorgaçosa, Casarias entre outras - havia pessoas sem água e alimentos há mais de dois dias e com com alguns ferimentos.

créditos: Publicação partilhada nas redes sociais

O concelho de Arganil foi um dos mais fustigados pelos incêndios de domingo, tendo perdido 92% da floresta, mas Luís Paulo Costa, vice-presidente da Câmara Municipal de Arganil rejeita a existência de tal cenário. “Pura especulação”, afirmou em declarações ao SAPO24.

O vice-presidente da Câmara de Arganil diz “não fazer ideia” do que possa ter originado a sucessão de publicações, garantindo que ele próprio não estava ciente que tal se estava a passar. “Para além da questão da eletricidade, grande parte do concelho está sem comunicações, quer fixas quer móveis e isso dificulta também o processo de recolha de informação. Não consigo de facto ter uma perspetiva”, confessa.

O autarca explicou que as consequências dos incêndios ainda estão muito vivas com o abastecimento de água e eletricidade ainda por repor. “No caso da rede elétrica, que é operada pela EDP, uma boa parte é rede aérea e arderam quilómetros e quilómetros de rede de distribuição de eletricidade. Há algumas falhas no que têm a ver com o abastecimento de água, de corrente, e que estamos a tentar resolver com soluções de gerador, soluções mais imediatas”, observa Paulo Costa.

O ‘vice’, que tem andado por estes dias no terreno, diz-nos que “75% da área do concelho ardeu, 92% da área de floresta ardeu, cerca de 50 habitações de primeira habitação terão ardido. Muitas mais de segunda habitação arderam, umas largas centenas de cabeças de gado morreram. Há um conjunto de dificuldades e prejuízos que estamos a avaliar. Ainda não conseguimos ter números”.

“Temos de renascer e vamos renascer”

Mas pior ainda foi “a perda de três vidas humanas”, nos fogos de domingo e segunda-feira, lamentou Ricardo Alves que está a terminar o terceiro mandato consecutivo à frente da Câmara de Arganil e que foi eleito, em 1 de outubro, presidente da Assembleia Municipal.

Para além das famílias desalojadas - que já foram, entretanto, acolhidas por familiares e por instituições de solidariedade social, pela Misericórdia da vila e pela Câmara - há igualmente “várias empresas muito prejudicadas”, designadamente pela destruição de equipamentos e maquinaria, destacou ainda Ricardo Alves em entrevista à agência Lusa.

“Mas temos de renascer e vamos renascer”, acredita Ricardo Alves.

O presidente da Câmara de Arganil espera, entretanto, que o Governo apoie os concelhos atingidos pelos fogos de domingo e de segunda-feira com medidas especiais e idênticas às adotadas para a região afetada pelos fogos de 17 de junho em Pedrógão Grande, para que seja “reposta tanto quanto possível a normalidade”, para apoiar as famílias e as empresas das áreas ardidas.

“Agora estamos concentrados em identificar os prejuízos e em criarmos condições para se olhar para o futuro”, conclui Ricardo Alves.